SÃO PAULO (Reuters) - Os ratings grau de investimento da mineradora Vale (SA:VALE3) permanecem sob vários cenários, mesmo diante de incertezas e cortes de produção gerados pelo desastre em Brumadinho (MG), afirmou em nota a Fitch Ratings nesta terça-feira.
A Fitch rebaixou a Vale em 28 de janeiro em dois graus --para "BBB-", de "BBB+", e colocou os ratings em observação negativa, após o colapso da barragem da mina de Córrego do Feijão em 25 de janeiro, que vitimou mais de 300 pessoas, entre mortos e desaparecidos.
Contudo, a agência explicou que os ratings da Vale se apoiam nos fortes demonstrativos financeiros, em sua adequada liquidez e em sua forte capacidade de geração de fluxo de caixa operacional, apesar dos volumes de produção mais baixos.
"Os ratings da Vale contam com a elevada flexibilidade de seus indicadores de crédito, considerando os gatilhos estabelecidos para os ratings 'BBB-' da companhia que resultariam em uma ação de rating negativa, após o acidente na barragem de rejeitos de Brumadinho: índice dívida líquida/Ebitda acima de 3,0 vezes e dívida total/Ebitda acima de 3,5 vezes, respectivamente", disse Phillip Wrenn, analista sênior da Fitch.
A agência ressaltou que a colocação dos ratings em observação negativa "reflete a dificuldade de identificar e mensurar os passivos contingentes desconhecidos, devido aos elevados riscos legais e regulatórios".
No relatório, a Fitch elaborou três cenários para ilustrar o efeito, nos indicadores de crédito da Vale, da perda de volumes, do aumento dos investimentos e das multas elevadas e das despesas com indenizações.
A Fitch disse ainda que a mineradora, maior produtora global de minério de ferro, é fundamental para o equilíbrio do mercado transoceânico da commodity; "portanto, um aumento expressivo de preços pode ocorrer, como reflexo da diminuição da produção da empresa".
Com isso, destacou a agência, a geração de fluxo de caixa permanece robusta, mesmo com os volumes de produção mais baixos e investimentos elevados, em decorrência do aumento dos preços do minério de ferro, aliado às atividades de mineração de baixo custo da companhia.
"As saídas de caixa podem ser substanciais, mas administráveis dentro da categoria de rating 'BBB-' (BBB menos), em face de diversos cenários", avaliou a Fitch.
Na semana passada, o banco de investimento Itaú BBA afirmou que as perdas financeiras da Vale com a paralisação de várias minas após o desastre de Brumadinho poderão ser compensadas pela alta dos preços globais de minério de ferro devido ao provável corte de oferta da commodity.
(Por Roberto Samora)