BUENOS AIRES (Reuters) - A agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota de crédito de longo prazo da Argentina nesta segunda-feira, depois que os preços dos seus títulos subiram e o risco do país se reduziu com o anúncio de um plano do governo para suspender pagamentos de dívida denominada em dólar mas sujeita à legislação argentina.
A iniciativa do governo de facilitar o que chamou de
encargos financeiros insustentáveis foi bem recebida pelos mercados.
Os títulos do mercado de balcão tiveram valorização de 1,2% e o índice de ações Merval (MERV) subiu 3,5% depois de ter caído 30% em março. Os spreads do risco país também estavam mais fortes na segunda-feira, apertando 22 pontos base para 3.661 em relação ao papel do Tesouro dos EUA, segundo o Índice de Obrigações de Mercados Emergentes do JP Morgan Plus <11EMJ>.
A Fitch, no entanto, rebaixou o rating soberano de longo prazo em moeda estrangeira da Argentina de CC para "default restrito" após a decisão do governo.
A classificação default restrito é um degrau acima do "default", enquanto CC representa níveis muito elevados de risco de calote.
A Argentina pretende adiar até o final do ano pagamentos de até 10 bilhões de dólares em dívida emitida em dólares sob a lei local, de acordo com um decreto divulgado no domingo, numa tentativa de aliviar a pressão sobre os pagamentos pendentes em moeda estrangeira.
O decreto do governo não afeta os quase 70 bilhões de dólares em dívidas da Argentina em moeda estrangeira emitidas sob o direito internacional, atualmente, o foco das negociações de reestruturação com os credores.
"Lemos a decisão de ontem como um sinal de que o governoquer ganhar tempo para montar uma reestruturação de dívida abrangente durante o primeiro semestre do ano, priorizandoevitar inadimplência da dívida externa", disse a consultoria local Elypsis em nota a clientes.
(Por Walter Bianchi, Hugh Bronstein e Cassandra Garrison)