Investing.com — As bolsas americanas operam de forma mista nesta sexta-feira, em meio à renovada incerteza sobre tarifas e à repercussão dos resultados trimestrais da Alphabet (NASDAQ:GOOGL) e de outras grandes empresas.
Por volta das 10h35 de Brasília, o Dow Jones recuava 30 pontos (-0,1%), enquanto o S&P 500 subia 5 pontos (+0,1%) e o Nasdaq avançava 45 pontos (+0,3%).
Os principais índices de Wall Street caminham para fechar a semana em território positivo. O S&P 500 acumula alta próxima de 4% no período, o Dow Jones registra ganho superior a 2% e o Nasdaq sobe mais de 5% na semana.
Trump sinaliza manutenção de tarifas elevadas
As ações nos EUA perderam fôlego após a divulgação de uma entrevista do presidente Donald Trump à revista Time, na qual afirmou que consideraria uma “vitória total” manter tarifas entre 20% e 50% sobre países estrangeiros daqui a um ano.
Nos últimos dias, o mercado vinha reagindo à expectativa de que as negociações pudessem levar à redução das tarifas, especialmente no eixo EUA-China, o que havia melhorado o sentimento de risco.
O humor foi impulsionado mais cedo por uma reportagem que indicava que a China avalia conceder isenções para alguns produtos dos EUA atualmente sujeitos a tarifas retaliatórias. O governo chinês solicitou que empresas identifiquem bens que possam ser incluídos na lista.
Segundo a Reuters, uma força-tarefa do Ministério do Comércio da China está elaborando a lista de itens elegíveis e colhendo sugestões do setor privado.
Investidores também vinham sendo encorajados por sinais de possível moderação na postura do governo Trump em relação a Pequim. O presidente tem adotado uma estratégia agressiva, elevando tarifas sobre a China para níveis que já ultrapassam 145%.
Na agenda econômica, o destaque é a leitura final da pesquisa de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan. A prévia mostrou piora na percepção das famílias sobre a economia e expectativa de inflação mais alta, em grande parte devido às tensões comerciais globais.
Alphabet dispara após balanço forte
As ações da Alphabet subiram com força após a companhia divulgar resultados muito acima das estimativas para o primeiro trimestre e anunciar um programa de recompra de ações de US$ 70 bilhões.
A empresa também reafirmou seus ambiciosos planos de desenvolvimento em inteligência artificial, reforçando a expectativa de que a demanda por chips e centros de dados continue firme. A Alphabet está entre as maiores investidoras em IA de Wall Street.
Ainda assim, a companhia mencionou riscos relacionados ao ambiente macroeconômico, e o crescimento da receita com publicidade — sua principal fonte de receita — desacelerou em relação ao trimestre anterior.
Outros destaques corporativos
As ações da Intel (NASDAQ:INTC) recuaram após a companhia divulgar projeções fracas, mesmo com lucro acima do consenso. A fabricante de chips alertou para riscos crescentes associados ao conflito comercial.
Os papéis da T-Mobile US (NASDAQ:TMUS) caíram de forma acentuada após a empresa reportar adição de assinantes abaixo do esperado no primeiro trimestre, em meio a forte concorrência em um mercado de telefonia saturado nos EUA.
As ações da Colgate-Palmolive (NYSE:CL) avançaram levemente, mesmo após a companhia cortar sua projeção de crescimento orgânico nas vendas para o ano. A empresa citou possíveis impactos negativos das tarifas americanas mais agressivas, mas ainda assim entregou resultados trimestrais acima das expectativas.
A temporada de balanços corporativos continua nas próximas semanas, com atenção especial voltada às projeções para o restante do ano. Empresas como Microsoft (NASDAQ:MSFT) e Apple (NASDAQ:AAPL) estão entre as mais aguardadas, em meio a um cenário econômico desafiador.
Petróleo caminha para queda semanal
Os contratos do Brent e do WTI recuam cerca de 3% nesta semana após a Reuters noticiar que vários países produtores membros da Opep estariam pressionando por um aumento mais acelerado na produção em junho, ampliando a alta surpresa registrada em maio. A pressão interna por cumprimento de cotas tem intensificado as divergências no grupo.
A OPEP e aliados como a Rússia, grupo conhecido como Opep+, se reúnem em 5 de maio para definir os níveis de produção para o próximo mês.
(Ambar Warrick contribuiu para esta reprotagem.)