SÃO PAULO (Reuters) -Oficiais de Justiça realizaram nesta terça-feira operação de busca e apreensão na sede do Grupo Suno, informou a empresa que atua em áreas como pesquisa, gestão de recursos e consultoria para investidores, em processo envolvendo a Hectare Capital.
De acordo com a Suno, o mandado foi expedido pelo juízo da 32º Vara Cível do Foro Central da Comarca de São Paulo, em ação para produção antecipada de provas, ajuizada pela Hectare, alegando que a gestora e fundos por ela geridos teriam sido vítimas de uma campanha difamatória promovida pela Suno.
"A referida ação é uma degradante tentativa da Hectare de retaliar a atuação firme e independente da Suno na sua atividade de análise de valores mobiliários, em detrimento da adequada disseminação de informações no mercado de capitais", afirmou.
Em comunicado no final da tarde, a Suno acrescentou que, após esclarecer os fatos ao juízo competente, "adotará as providências para que seja reparada pela falsa acusação formulada pela Hectare".
O grupo disse que a Suno Research alerta seus clientes desde maio de 2021 sobre riscos na gestão do fundo de investimento imobiliário HCTR11 (BVMF:HCTR11), que aplica seus recursos preponderantemente em certificados de recebíveis imobiliários (CRI).
E acrescentou que "seus relatórios de análise cumprem integralmente a legislação e a regulamentação em vigor, sujeitando-se a controles internos rigorosos".
A Hectare disse que identificou em 2022 indícios da existência de uma "campanha ilicitamente promovida nas redes sociais, aplicativos de mensagens e outros meios contra o HCTR11, a partir de publicações de determinados influenciadores digitais que traziam insinuações inverídicas e enganosas, carregadas de alarmismo, a respeito do fundo".
Em fato relevante do HCTR11 na noite desta terça-feira, a gestora afirma que "ao que tudo indica, um dos objetivos de tal manobra teria sido afugentar os investidores" do fundo, e que ocorreram durante o período de silêncio para que a companhia não pudesse rebater as acusações. Segundo a Hectare, as publicações impactaram o ativos em termos de volume, preço e valor de mercado das cotas.
Mais cedo, o colunista de O Globo Lauro Jardim publicou sobre a operação, afirmando que foi determinada pela 42ª Vara Cível de São Paulo em cinco endereços de três cidades - São Paulo, Porto Alegre e Goiânia - em investigação relativa a uma suposta manipulação no mercado de fundos imobiliários.
Procurado pela Reuters, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo afirmou que "esse processo tramita em segredo de justiça e, portanto, não há informações disponíveis".
No ano passado, a XP (BVMF:XPBR31) fechou acordo para compra de uma fatia minoritária no Grupo Suno, envolvendo a Suno Research, Suno Asset, entre outras frentes de conteúdo, dados e análise sobre o mercado financeiro.
(Por Paula Arend Laier; reportagem adicional de André Romani;Edição Alberto Alerigi Jr. e Alexandre Caverni)