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GSK sabia dos riscos de câncer do Zantac, dizem advogados ao júri em primeiro julgamento

Publicado 02.05.2024, 17:23
Atualizado 02.05.2024, 17:25
© Reuters. Foto de arquivo do medicamento Zantac
01/10/2019
REUTERS/Brendan McDermid
GSK
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Por Diana Novak Jones

(Reuters) - Advogados que representam uma mulher que alega que o seu câncer de cólon foi causado pelo remédio para azia Zantac, agora descontinuado, disseram nesta quinta-feira a um júri em Chicago que as farmacêuticas GSK e Boehringer Ingelheim sabiam que o produto poderia causar câncer se não fosse manuseado adequadamente, mas não avisaram o público. 

Mikal Watts, que está representando Angela Valadez, de 89 anos, disse que as empresas sabiam que o ingrediente ativo do Zantac, a ranitidina, se transformaria em uma substância que causa câncer chamada NDMA ao envelhecer ou se fosse exposto a temperaturas extremas, mas não garantiram que ele fosse manuseado da maneira correta por transportadoras, distribuidoras e farmácias.

O caso de Valadez está entre dezenas de milhares contra a GSK, a Boehringer Ingelheim e outras farmacêuticas, que têm preocupado os investidores nos últimos anos. O julgamento oferecerá o primeiro teste para saber se as alegações de câncer no longo litígio persuadirão um júri, já que todos os casos anteriores em que julgamentos haviam sido marcados foram resolvidos por acordos ou foram arquivados. 

A GSK e a Boehringer Ingelheim são as únicas rés no julgamento, após outras empresas fecharem acordos. 

Watts disse ao júri que as pílulas mudavam de cor à medida em que se degradavam, mas que as empresas acobertavam isso. 

“Elas sabem que não vamos usar um produto com aparência ruim, então elas dão uma pintada”, disse Watts. 

Advogados da GSK, que desenvolveu o ingrediente ativo do Zantac, mas depois vendeu a marca a outras empresas, e a Boehringer Ingelheim, que vendeu o remédio entre 2006 e 2017, argumentaram que o Zantac foi repetidamente comprovado como seguro e eficiente e que nenhum estudo científico ou médico o associou ao câncer. 

Não há “evidências objetivas ligando o câncer da senhora Valadez ao Zantac”, disse o advogado da GSK, Tarek Ismail, ao júri. “Nenhum teste genético, relatório de laboratório, estudo de imagens... absolutamente nada”. 

Valadez, que disse que tomou Zantac todos os dias por pelo menos 18 anos, tinha vários fatores de risco que tornaram mais provável que desenvolvesse câncer de cólon, afirmou Ismail. 

Aprovado pela primeira vez em 1983, o Zantac tornou-se o remédio mais vendido do mundo em 1988 e um dos primeiros a atingir 1 bilhão de dólares em vendas anuais. Foi originalmente comercializado por uma precursora da GSK e depois vendido várias vezes a outras empresas. 

© Reuters. Foto de arquivo do medicamento Zantac
01/10/2019
REUTERS/Brendan McDermid

Em 2020, a Administração de Medicamentos e Alimentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) solicitou que as farmacêuticas retirassem o Zantac e suas versões genéricas das prateleiras, após o NDMA ser descoberto em amostras do remédio. Milhares de processos começaram a se acumular em tribunais estaduais e federais. 

Uma nova versão do Zantac está no mercado com um ingrediente ativo diferente e não contém mais ranitidina. 

(Reportagem de Diana Jones)

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