Por Geoffrey Smith
Investing.com -- As ações da Heineken Heineken (AS:HEIN) (OTC:HEINY) avançaram 1,28% às 12h14 (de Brasília) nesta quarta-feira na Europa, cotadas a U$96,50, com desempenho acima do mercado como um todo, após a divulgação de resultados trimestrais indicando que a demanda reprimida por socializar mais que compensou os custos crescentes no ano passado.
No entanto, a empresa alertou para o fato de que "a velocidade da recuperação continua a ser incerta e enfrentamos desafios de inflação significativos".
Fabricantes de cerveja de todo o mundo vêm enfrentando pressões de aumentos de custos de diversas origens, especialmente de cevada, energia e transporte. Numa entrevista ao o Financial Times, o CEO da companhia, Dolf van den Brink, expressou a questão de forma muito mais dura, dizendo:
"Nos meus 24 anos no setor, nunca vi nada como isso, nem de perto... em todo o mundo, estamos diante de aumentos loucos".
Van den Brink também foi mais cauteloso que muitos dos seus colegas da indústria em relação às tendências atuais, afirmando que os riscos de escassez de produtos "estão aumentando a cada dia devido às interrupções na cadeia de fornecimento global".
Assim, a empresa disse que vai adiar sua projeção para 2023 até ao segundo semestre deste ano. Para 2021, o lucro líquido se recuperou em 80%, chegando a € 1,15 bilhão, depois de um 2020 marcado por pesados encargos pontuais. O lucro operacional subiu 44% e a receita líquida aumentou 12%.
A Heineken, segunda maior fabricante de cerveja do mundo, conseguiu compensar esse efeito em parte devido à sua "premiumização": a receita média por hectolitro vendido no ano passado aumentou 8,3%. Essa estratégia, que constitui uma resposta à queda na demanda por cerveja no longo prazo em todo o mundo desenvolvido, é anterior à pandemia. Ela deve continuar este ano, já que a empresa faz "menos apostas de maior valor em marcas locais premium".
No entanto, esta estratégia irá enfrentar um teste severo este ano, em função das pressões sobre a renda dos consumidores. Com os preços subindo em todos os setores, os consumidores podem cada vez mais pensar duas vezes antes de comprar uma cerveja premium em vez de outra que satisfaça a mesma demanda por um preço menor.
Apesar dos problemas com a escalada dos custos de insumos, a empresa disse que conseguiu atingir € 1,3 bilhão (US$ 1,5 bilhão) em redução de custos operacionais no ano passado, mantendo-se nos trilhos para atingir seu objetivo de € 2 bilhões em 2023.