Investing.com – A holding Simpar (BVMF:SIMH3) divulgou balanço referente ao segundo trimestre deste ano com um lucro líquido de R$100 milhões, uma diminuição de 53% frente a igual período de 2022. A companhia, que atua no Brasil, América do Sul e África do Sul, direciona as estratégias de sete operações independentes: JSL, Movida (BVMF:MOVI3), Vamos, CS Brasil, Automob, Banco BBC Digital e CS Infra.
Receita bruta, receita líquida de serviços e Ebitda foram recordes. A receita bruta atingiu R$8,4 milhões, alta anual de 42%, enquanto a receita líquida de serviços totalizou R$6 bilhões, elevação de 46% na mesma análise. Já o Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$2,3 bilhões, uma variação anual positiva de 33%. A alavancagem medida pela dívida líquida sobre Ebitda subiu 0,1x frente o 2T22, para 3,7x, ou 3,4x no critério normalizado.
Segundo Denys Ferrez, CFO da Simpar, o lucro líquido foi pressionado pela despesa financeira, devido ao patamar atual da taxa de juros. Com o ciclo de afrouxamento monetário, a expectativa é de melhoria gradual nesse indicador. Confira a entrevista:
Investing.com – A companhia registrou alta anual na receita bruta, líquida e ebitda, todos recordes. O que impulsionou esses ganhos?
Denys Ferrez – A gente vem sempre numa recorrência de investimento, que basicamente movimenta o nosso crescimento. A gente no último ano a gente fez compras antecipadas de ativos operacionais para aproveitar condições comerciais, então isso tira um pouco do ritmo tradicional. Mas então agora, apesar de ter diminuído o volume de capex, está implantando aquela antecipação. Então essa expansão é fruto do benefício gerado por esses investimentos que majoritariamente no caso do nosso grupo estão ligados a contratos de longo prazo.
Inv.com – Apesar da alta expressiva no Ebitda, o lucro recuou, por quais motivos?
Ferrez – A gente tem um volume e uma carga financeira mais alta. Ao que tudo indica para o país, junho foi o pico, pois agora houve um corte nos juros. Então há mais carga de juros e uma fase nova na Movida. Ela, depois de ter feito um crescimento relevante nos últimos vinte e quatro meses, entrou em 2023 buscando a eficiência operacional, buscando o ajuste de mix da sua frota, mas vindo de um ajuste sucessivo de aumento na depreciação, que impacta o lucro. Em relação ao lucro, eu vejo como uma empresa se preparando para entregar o seu retorno, seu capital investido de forma normal a partir do ano de 2024. Leva esse ano aqui fazendo esses ajustes. 2022 também teve benefício de vender carros usados com um preço inesperado, melhor do que o previsto porque a gente viveu uma inflação. Então esse evento não existe mais. Existia uma desaceleração no país e uma consequente necessidade de ajuste da depreciação que nós achamos que já bateu o pico também, assim como essa história dos juros. Então isso tudo somado leva a um resultado menor.
Do lado positivo, a empresa teve uma contribuição nesse trimestre pontual e importante na nossa atividade de M&A que registrou um benefício em uma das aquisições que foi feita recentemente. Então é o mix desses eventos que explica o nosso número, mas os outros dois fatores foram mais relevantes, trazendo o dado para baixo.
Inv.com – Com a Movida pressionada, como citado, das controladas, qual foi o destaque positivo?
Ferrez – A JSL vem numa sequência de resultados de grande consistência, fazendo seu desenvolvimento com bastante disciplina na alocação de capital, seja de forma orgânica ou com atividades de aquisição. É uma empresa que muita gente ainda não teve o tempo, a oportunidade de olhar o tamanho da transformação que ela está fazendo desde sua abertura de capital. Com a força financeira, a estruturação da JSL em termo de escala é muito maior do que o perfil usual das empresas de logística no Brasil. Ela consegue oferecer mais segurança e mais capacidade de investir em novos projetos dos clientes existentes e novos clientes. É um líder com um perfil muito único de escala no país. Acho que está indo muito bem e tem tudo pra continuar entregando.
Ainda, a Vamos vem seguindo na parte de aluguel com seu ritmo e a sua oportunidade de locação, e tem uma concessionária, maior rede de máquinas agrícolas do país. Na parte agrícola, tem uma dinâmica específica da demanda que segue muito as linhas de incentivo ao agricultor, o que não estava liberado no segundo trimestre, então o todo o potencial da Vamos não ficou visível por conta dessa desaceleração do lado dos profissionais.
Já a Movida, eu diria que ela está vindo numa ascendência em direção ao compromisso de ajustar a frota, de melhorar a sua eficiência operacional, então ela tem melhorado a taxa de ocupação, tem melhorado o preço unitário da frota. Como a gente está aqui construindo o futuro da companhia, não só a fotografia, eu acho que ela também está no caminho certo. Acho também que ter dobrado a frota mesmo no cenário de escassez de automóvel foi importante porque quem estava liderando esse setor estava ocupado com a fusão. Então houve o espaço de trazer novos clientes para a base da Movida.
Inv.com – Alguma mudança na estratégia de pagamento de proventos ou outra mensagem que gostaria de deixar para o investidor nesse momento?
Ferrez – A atividade de M&A segue com bastante responsabilidade. Há oportunidades claras, mas estamos sempre sendo muito seletivos. Vejo uma oportunidade de crescimento continuada do grupo, porque eu entendo que o que a gente oferece tem valor quando está tudo bem, mas também em cenários mais difíceis, porque muito do que se faz ajuda a ganhar produtividade, desalocar capital do que não é core business e isso estruturalmente tem nos permitido o desenvolvimento. Vamos seguir com responsabilidade na alocação do capital e fazer as entregas. Isso me faz acreditar que o nosso nível de capital e retorno do seu capital investido tende a melhorar no ano que vem.