Investing.com - O presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), Gary Gensler, fez um alerta sobre os perigos da inteligência artificial (IA) para os mercados financeiros. A tecnologia, que já é usada há anos no setor, pode trazer riscos para a decisão dos investidores, mesmo com as medidas de proteção contra fraudes e irregularidades.
Gensler afirmou, em um evento sobre IA em Washington, DC, que a aplicação da IA em áreas como empréstimos e seguros pode gerar vieses. “No nível microeconômico, você tem razão ao dizer que a IA pode levar a preconceitos”, disse ele.
Ele também disse que os robôs-assessores ou corretores devem ser programados para priorizar os interesses do cliente, e não do assessor.
Além disso, Gensler apontou os riscos sistêmicos da IA, que podem surgir se as empresas financeiras e os investidores usarem os mesmos instrumentos de IA. Isso pode causar um efeito “gregário” no mercado, que acontece quando todos fazem a mesma coisa ou usam as mesmas ferramentas, sem agir de forma independente.
“Existe uma tendência natural de se criar monoculturas, com conjuntos de dados ou modelos básicos, que serão usados por grandes partes do setor financeiro… para negociar ou subscrever contratos”, acrescentou. "Veja, nós temos uma monocultura de pontuações FICO há décadas, então isso não é algo novo ou incomum que eu esteja dizendo.
Mas ele alertou que se as pessoas confiarem em um modelo de IA que tenha vieses e falhas, “poderia haver instabilidade financeira se uma grande parte do mercado depender de um único conjunto de dados […] eles poderiam, de certa forma, pelo efeito manada, nos empurrar para um precipício sem querer”.
Gensler já havia feito um alerta semelhante, em uma conferência do New York Times, sobre o domínio de poucos modelos de IA no mercado, que poderiam aumentar os riscos de crise.
“Esta tecnologia será o centro das futuras crises financeiras”, disse Gensler em agosto. “É um poderoso conjunto de fatores econômicos ligados à escala e às redes.”