Ibovespa recua em meio a balanços e atenções na relação governo/BC

Publicado 16.02.2023, 10:07
Atualizado 16.02.2023, 11:55
© Reuters

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) -O Ibovespa recuava nesta quinta-feira, com resultados corporativos no radar, incluindo B3 e Ultrapar, enquanto agentes financeiros também avaliam notícias citando movimento no governo para reduzir a tensão com o Banco Central, em meio a um ambiente menos favorável a risco no exterior.

Às 11:49, o Ibovespa caía 1,1%, a 108.398,99 pontos. O volume financeiro somava 5,18 bilhões de reais.

Após dias de conflito com o BC em torno da Selic e meta de inflação, a ordem no governo é baixar a temperatura e deixar o assunto fora do Palácio do Planalto, posição que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que liderou as críticas, vem sendo convencido a abraçar, apontaram fontes ouvidas pela Reuters.

No caso das discussões envolvendo a meta de inflação, agentes financeiros estavam na expectativa da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que define a meta para mais um ano à frente. Mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou mais cedo que o assunto não está na pauta do encontro.

A perspectiva é que uma decisão fique para junho, vindo depois da apresentação de um novo marco fiscal para o país pelo governo, que será anunciado em março, conforme afirmou Haddad na véspera. No mercado não há consenso sobre a revisão da meta, mas a percepção de muitos é de que caiu o dogma sobre não mudá-la.

"Será fundamental anunciar um novo arcabouço fiscal, para apenas depois discutir uma mudança na meta de inflação de curto-prazo", avalia Dan H. Kawa, diretor de investimentos da TAG.

Segundo ele, existindo um arcabouço ou âncora fiscal exequível, a mudança da meta poderá ser feita de maneira mais suave, com menos impacto nas expectativas de inflação e nas taxas longas de juros, conforme relatório a clientes.

No exterior, Wall Street abriu em queda, com a pauta da sessão trazendo dados mais fortes do que o esperado sobre os preços ao produtor nos Estados Unidos e um número menor do que o esperado nos pedidos de auxílio-desemprego semanais. O S&P 500 recuava cerca de 1%.

DESTAQUES

- B3 ON (BVMF:B3SA3) perdia 6,13%, a 10,88 reais, após a operadora de infraestrutura de mercado reportar resultado trimestral abaixo das expectativas de analistas, com maiores despesas operacionais e financeiras mais do que compensando o crescimento da receita. O Credit Suisse (SIX:CSGN) afirmou ver uma relação risco versus retorno pior para a B3, em meio a uma perspectiva deteriorada do mercado de capital, diante de um cenário de juros mais altos por mais tempo. Em teleconferência, executivos da B3 afirmaram que a companhia está se preparando para operar em um ambiente mais competitivo.

- BRF ON (BVMF:BRFS3) caía 4,92%, a 6,38 reais, tendo no radar relatório do Itaú BBA reiterando recomendação "market perform", definindo preço-alvo de 9 reais para o fim de 2023, bem abaixo dos 17 reais para o final de 2022. "Nós estamos incorporando um ambiente doméstico mais desafiador no Brasil, bem como uma normalização dos spreads de exportação daqui para frente", afirmaram Gustavo Troyano e equipe.

- CCR (BVMF:CCRO3) cedia 4,23, a 10,65 reais. A concessionária de infraestrutura divulgou prejuízo no quarto trimestre de 2022 e indicou que se concentrará em concessões já contratadas neste ano, período no qual pretende investir cerca de 7 bilhões de reais. Analistas do Safra afirmaram que a previsão sobre os investimentos ficou acima de suas expectativas, mas que a empresa reportou bons resultados para quarto trimestre.

- ULTRAPAR ON (BVMF:UGPA3) caía 2,75%, a 12,75 reais, tendo como pano de fundo balanço do quarto trimestre, com o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, em termos recorrentes, recuando 29%, para 750 milhões de reais. Para o JPMorgan (NYSE:JPM), a Ultrapar apresentou resultados fracos. Em relatório a clientes, Rodolfo Angele e equipe no banco afirmaram esperar uma revisão para baixo nas estimativas de analistas. "Acreditamos que o mercado se ajustará a um mercado mais difícil na distribuição de combustíveis."

- RUMO ON (BVMF:RAIL3) avançava 3,38%, a 18,02 reais, na esteira do resultado trimestral mostrando que o Ebitda ajustado de outubro a dezembro somou 905 milhões de reais, alta de 116%, com aumento de margem. A companhia de logística do grupo Cosan (BVMF:CSAN3) também estimou ampliar em cerca de 30% seu resultado operacional de 2023, com estimativas de nova safra recorde de soja e de receitas crescentes no transporte de fertilizantes e de açúcar. A XP Investimentos (BVMF:XPBR31) avaliou que a Rumo forneceu "guidance" positivo para 2023 em relação às estimativas do mercado.

- VALE ON (BVMF:VALE3) subia 0,45%, a 89,4 reais, antes da divulgação do balanço do quarto trimestre na noite desta quinta-feira. O lucro da companhia deve atingir 0,63 dólar por ação, segundo estimativas compiladas pela Refinitiv. A performance do papel tinha endosso da alta dos contratos futuros de minério de ferro na Ásia, com a China reiterando determinação em apoiar o crescimento econômico por meio de estímulos. Papéis de siderúrgicas também tinham uma sessão positiva na B3.

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(Edição Aluísio Alves)

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