Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou no azul nesta terça-feira, quebrando uma série de cinco pregões em queda, apoiado principalmente na alta dos papéis da Vale (SA:VALE3) e da B3, mas os receios com o cenário político-eleitoral e a economia no Brasil mantiveram o clima de cautela.
O principal índice do mercado acionário doméstico subiu 0,62 por cento, a 72.754 pontos. Na máxima da sessão, a alta chegou a 1,4 por cento. O giro financeiro somou 9,7 bilhões de reais.
O alívio ocorreu após o Ibovespa acumular nos últimos cinco pregões queda de 8 por cento. Das 67 ações que fazem parte da carteira, 31 papéis ainda encerraram o pregão no vermelho.
Na visão do analista Leandro Martins, da Modalmais, o mercado encontrou alguns pontos de suporte, mas ainda não tem força para retomar níveis anteriores à greve dos caminhoneiros, dada a deterioração de fundamentos econômicos, saída de estrangeiros e cenário eleitoral incerto.
"O mercado está em compasso de espera", disse. Segundo ele, há oportunidades na bolsa após as fortes quedas recentes, mas o cenário ainda muito volátil justifica a cautela do investidor.
DESTAQUES
- VALE subiu 1,67 por cento, em dia de alta do preço do minério de ferro à vista na China. O presidente Michel Temer assinou decretos que regulamentam o novo código de mineração; e o presidente do fundo de pensão Petros disse que o fundo de pensão espera vender parte de sua fatia na empresa este ano.
- B3 ganhou 2,84 por cento, após a divulgação de dados operacionais de maio. "Reiteramos a visão otimista para B3, por esperarmos que a ação se beneficie do desenvolvimento do mercado de capitais no Brasil, bem como de volumes maiores de curto prazo, devido à maior volatilidade antes da eleição presidencial", disse o Bradesco BBI em nota a clientes.
- VIA VAREJO avançou 6,7 por cento, em meio a expectativas de conclusão de sua venda até o começo do próximo ano, além de sinalizações positivas pela companhia sobre as vendas para a Copa do Mundo.
- EMBRAER (SA:EMBR3) fechou com alta de 6,12 por cento, após a Bloomberg reportar, citando fonte, que a fabricante brasileira e a norte-americana Boeing estão discutindo os detalhes finais de um acordo, com o presidente Michel Temer concordando em princípio com uma joint venture de ambas.
- ELETROBRAS PNB (SA:ELET6) e ELETROBRAS ON (SA:ELET3) subiram 5,95 e 2,37 por cento, respectivamente, após a notícia de que a empresa poderá avançar com o processo de privatização de suas empresas de distribuição, após derrubada da liminar que suspendia o processo. A elétrica de controle estatal também informou que a greve de empregados da holding foi suspensa.
- BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) avançou 3,85 por cento, destaque positivo no setor bancário, após analistas do Credit Suisse colocarem os papéis do banco estatal entre os preferidos, apesar de corte no preço-alvo, de 50 reais para 36 reais.
- SANTANDER BRASIL cedeu 1,03 por cento, após o Credit Suisse cortar recomendação para neutra, enquanto reduziu preço-alvo de 44 para 33 reais. ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) cedeu 0,2 por cento e BRADESCO PN (SA:BBDC4) recuou 0,26 por cento. O Credit Suisse cortou o preço-alvo de Itaú para 46 reais e do Bradesco para 33 reais.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) subiu 0,32 por cento, enquanto PETROBRAS ON (SA:PETR3) cedeu 0,82 por cento, revertendo ganhos mais cedo. A companhia anunciou o pré-pagamento de linha de crédito com o The Bank of Nova Scotia, no valor de 750 milhões de dólares, que vencia em 2022, e contrato de novo financiamento com o mesmo banco, de igual valor, "mas com custos financeiros mais competitivos", com vencimento em 2023.
- CVC (SA:CVCB3) BRASIL caiu 4,57 por cento, ainda afetado por preocupações como o potencial efeito da recente alta do dólar na demanda por pacotes internacionais da operadora de turismo. Na véspera, analistas do JPMorgan cortaram a recomendação das ações para 'underweight'.
- BRF (SA:BRFS3) recuou 2,88 por cento, após o Credit Suisse cortar o preço-alvo da ação da companhia de alimentos de 28 para 18 reais, mantendo recomendação underperform. Ainda no radar, o presidente da Previ, Gueitiro Genso, disse nesta terça-feira que o fundo de pensão não planeja vender as ações da exportadora de carne de frango no curto e médio prazos.