Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista fechou a segunda-feira no vermelho, iniciando outubro na contramão do mercado externo, em sessão tomada por um sentimento de cautela com a aproximação do primeiro turno das eleições presidenciais.
O Ibovespa caiu 0,91 por cento, a 78.623,66 pontos, após ter subido 3,5 por cento em setembro. Na mínima, o índice chegou a recuar 1,58 por cento. O giro financeiro foi de 8,24 bilhões de reais.
Profissionais de renda variável afirmaram que o pregão refletiu a indefinido da disputa eleitoral e a tendência nos próximos dias é de descolamento das bolsas internacionais.
"Essa semana o mercado aqui vai ficar ao sabor das pesquisas eleitorais", disse à Reuters Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da corretora Renascença.
Segundo dele, a percepção de que o segundo turno será disputado pelo candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, e o petista Fernando Haddad já começa a se consolidar.
"Na eleição de primeiro turno conseguiremos mensurar os percentuais de cada candidato... Mas temos que ver se haverá transferência de votos", acrescentou Monteiro.
Levantamento de intenção de votos BTG (SA:BPAC11) Pactual/FSB mostrou que Bolsonaro manteve a liderança para o primeiro turno, mas com menor diferença em relação a Haddad.
"Por mais que tenhamos teoricamente uma definição do primeiro turno, o segundo ainda está em aberto... Tem pesquisa eleitoral todo dia e esse vetor acaba sendo mais importante que qualquer outro", disse o analista Vitor Suzaki, da Lerosa Investimentos.
O nervosismo em torno do desfecho das eleições ofuscou o viés positivo no exterior, com um acordo de última hora para salvar o Nafta, renovando esperanças de progresso nas negociações de Estados Unidos com outros países.
DESTAQUES
- QUALICORP desabou 29,37 por cento, sendo o pior desempenho do Ibovespa, após anúncio de acordo de não competitividade com o acionista José Seripieri Filho, dono de cerca de 15 por cento da administradora de planos de saúde, pelo qual ele receberá 150 milhões de reais. "Em nossa visão, isso é um sinal negativo em termos de governança corporativa, que pode preocupar investidores", disse o Itaú BBA.
- VIA VAREJO UNIT (SA:VVAR11) cedeu 14,88 por cento, após o site do jornal O Globo publicar que o Rothschild, contratado para vender a Via Varejo, procura compradores para seu dono, o Pão de Açúcar. Procurado pela Reuters, o grupo francês Casino, dono do GPA (SA:PCAR4), negou "de forma veemente o teor de nota veiculada".
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) caiu 0,43 por cento, diante da aversão ao risco com a indefinição do cenário eleitoral, apesar da alta dos preços do petróleo no exterior. PETROBRAS ON (SA:PETR3) recuou 0,21 por cento.
- VALE (SA:VALE3) fechou em alta de 0,97 por cento, entre os poucos destaques positivos do Ibovespa, em sessão sem referência dos preços do minério de ferro no mercado chinês, em função do feriado do Dia Nacional da China.
- ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 1,11 por cento, em sessão negativa do setor bancário. BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) perdeu 4,21 por cento. BRADESCO PN (SA:BBDC4) recuou 1,12 por cento e SANTANDER BRASIL UNIT (SA:SANB11) caiu 1,82 por cento.
(Por Gabriela Mello)