Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou com um acréscimo discreto nesta quarta-feira e distante da máxima do dia, quando se aproximou de 127 mil pontos, sendo pressionado pelo declínio das ações da Vale e da Cemig, que desabou com preocupações sobre uma eventual federalização da empresa.
Mesmo titubeando, no final prevaleceu na bolsa paulista o viés positivo que tem marcado as últimas semanas, apoiado principalmente na perspectiva de que o Federal Reserve não subirá mais a taxa de juros nos Estados Unidos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,33 %, a 126.035,3 pontos. subiu 0,33 %, a 126.035,3 pontos. Na máxima do dia, chegou a 126.875,11 pontos (+0,99%), maior nível intradia desde 16 de julho de 2021. Na mínima, marcou 125.439,03 pontos, em queda de 0,15%.
O volume financeiro somou 27 bilhões de reais antes.
Em novembro, o Ibovespa acumula alta de mais de 11%, amparado particularmente no alívio dos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, na esteira de uma surpresa baixista com o dados de inflação ao consumidor nos EUA e alguma acomodação no mercado de trabalho norte-americano.
Na visão de estrategistas, esse ambiente externo menos restritivo tem favorecido a bolsa paulista, que voltou a mostrar saldo positivo de capital externo, de 12,4 bilhões de reais em novembro até o dia 20, após três meses em que os estrangeiros venderam mais do que compraram no mercado secundário brasileiro.
De acordo com a equipe do Itaú BBA, a percepção de melhora no mercado de ações segue presente. "Assim, foi dada a largada para o rali de fim de ano. Esta foi a mensagem do Ibovespa, após marcar nova máxima do ano. Agora, o cenário é de alta e livre para subir", afirmaram no relatório Diário do Grafista.
Eles avaliam que um movimento de realização é possível, mas nada que coloque em risco o cenário atual.
No exterior, Wall Street fechou no azul na véspera do feriado do Dia de Ação de Graças, que deixará a B3 sem a referência do mercado norte-americano na quinta-feira. O rendimento do Treasury de 10 anos marcava 4,41% no final do dia, de 4,418% na véspera.
Apesar do clima externo favorável às ações brasileiras, preocupações com o cenário fiscal no país continua. No começo da tarde, o Ibovespa titubeou pela primeira vez com a divulgação de previsões do governo para as contas públicas.
Os ministérios do Planejamento e da Fazenda projetaram que o governo central fechará 2023 com déficit primário de 177,4 bilhões de reais, equivalente a 1,7% do PIB, resultado pior do que o previsto em setembro.
"Este e outros desenvolvimentos e declarações recentes relacionados com a meta fiscal para 2024 sugerem que a administração tem pouca inclinação para conter a despesa, muito menos cortá-la", afirmou o diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs (NYSE:GS), Alberto Ramos.
"As derrapagens na despesa tendem a ser acomodadas através de déficits maiores", acrescentou em relatório a clientes.
Em contrapartida, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta quarta-feira o parecer favorável à proposta de taxação de fundos exclusivos e offshores e, na sequência, o projeto que regulamenta apostas esportivas, as chamadas bets. Ambas as propostas vão agora ao plenário da Casa.
DESTAQUES
- CEMIG PN (BVMF:CMIG4) desabou 9,71%, a 11,35 reais, com receios acerca da possibilidade de a empresa de energia elétrica de Minas Gerais passar a ser controlada pela União. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse nesta quarta-feira que discutiu com o governador Romeu Zema uma proposta que inclui a federalização de ativos como Copasa (BVMF:CSMG3), Cemig e Codemig como forma de pagamento da dívida de cerca de 160 bilhões de reais de MG. Em entrevista separada, Zema disse que ainda não há nada definido sobre a federalização da Cemig. COPASA ON caiu 2,83%.
- VALE ON (BVMF:VALE3) caiu 1,10%, a 74,85 reais, após cinco altas seguidas, em dia de ajustes mesmo com o avanço dos futuros do minério de ferro na Ásia. Em novembro, o papel acumula elevação de quase 12%. De acordo com relatório enviado no final da terça-feira, analistas do Itaú BBA reiteraram recomendação "outperform" para as ações da mineradora, enquanto elevou o preço-alvo do ADR de 17 para 19 reais. Para as ações negociadas na B3, o preço-alvo é de 93 reais.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) recuou 0,17%, a 35,16 reais, em dia de queda do petróleo no exterior, embora o barril de Brent tenha encerrado distante da mínima do dia, em baixa de 0,59%. Investidores aguardam o plano estratégico 2024-2028 da Petrobras, que, segundo o CEO da estatal, será divulgado na sexta-feira. O anúncio será feito após a estatal ter discutido pontos do novo plano com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
- IRB (BVMF:IRBR3)(RE) ON avançou 6,19%, a 46,81 reais, engatando a terceira alta seguida, tocando máximas desde o final de agosto.
- MARFRIG ON (BVMF:MRFG3) subiu 5,58%, a 8,90 reais, renovando máxima intradia em cerca de um ano a 9,1 reais. Na véspera, a empresa anunciou plano de recompra de até 31 milhões de ações, equivalentes a 9,30% dos papéis em circulação no mercado. Além disso, analistas do Bank of America (NYSE:BAC) elevaram a recomendação das ações para "compra" e o preço-alvo para 13 reais, citando que a relação risco versus retorno se tornou mais favorável. Ainda no setor, JBS ON (BVMF:JBSS3) avançou 4,04%.
- LOJAS RENNER ON (BVMF:LREN3) valorizou-se 4,03%, a 14,98 reais, ampliando a alta em novembro, que alcança cerca de 22%. No ano, porém, ainda perde mais de 24%. Em relatório nessa semana, analistas do BTG Pactual (BVMF:BPAC11) observaram que a perspectiva para 2024 é positiva, com melhoras graduais, mas ressaltaram a concorrência acirrada com plataformas estrangeiras e os obstáculos para acelerar a originação de crédito. Eles reiteraram recomendação "neutra" para as ações.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) ganhou 0,62%, a 30,89 reais, e BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) subiu 2,08%, a 15,73 reais, reforçando o Ibovespa, assim como B3 ON (BVMF:B3SA3), que se valorizou 1,4%.
- ANIMA ON (BVMF:ANIM3), que não está no Ibovespa, avançou 4,17%, a 3,75 reais, entre os melhores desempenhos do índice Small Caps, em meio à notícia de avanço na potencial venda da universidade São Judas. De acordo com reportagem do Valor Econômico, a Yduqs, a Cruzeiro do Sul (BVMF:CSED3) e a gestora Farallon, estariam entre os interessados no ativo. YDUQS ON (BVMF:YDUQ3) cedeu 1,42% e CRUZEIRO DO SUL ON encerrou com acréscimo de 0,73%.