SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista fechou nesta terça-feira no pico em quase cinco semanas, diante do otimismo com cenário político doméstico melhor para aprovação de projetos importantes para economia, na contramão de Wall Street, que reverberou os receios da guerra comercial entre Estados Unidos e China.
O Ibovespa subiu 1,61%, a 96.392,76 pontos, maior fechamento desde 25 de abril. O giro financeiro da sessão somou 24,4 bilhões de reais, turbinado por ajustes em carteira à nova composição do MSCI.
No MSCI Global Small Caps, foram incluídas as ações de Azul (SA:AZUL4), Banco Inter (SA:BIDI4), Sanepar (SA:SAPR11), Ferbasa (SA:FESA4), Locamerica (SA:LCAM3), JSL (SA:JSLG3), PetroRio e Unipar (SA:UNIP3), enquanto a elétrica Coelce (SA:COCE5) COCE5.SA foi excluída.
O governo está trabalhando um pacto com Legislativo e Judiciário em torno de projetos que considera importantes para retomada do crescimento, disse nesta terça-feira o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. O assunto foi tema de encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli.
Um documento está sendo preparado pela Casa Civil em cima de um texto organizado por Toffoli e deve ser formalizado em uma cerimônia até 10 de junho, no Palácio do Planalto.
O possível acordo entre os três Poderes levou otimismo ao mercado, que viu no movimento a formação de um ambiente mais propício para aprovação das reformas econômicas.
"O movimento das autoridades mostra que todos estão dispostos a fazer acontecer. O mercado espera resultados e, aparentemente, todos estão trabalhando para que esse resultado chegue logo", afirmou Eduardo Guimarães, estrategista em ações da consultoria independente de investimento Levante.
Esse ambiente ofuscou a influência externa negativa, com os principais índices de Wall Street fechando no vermelho, em meio às preocupações ligadas à guerra comercial entre EUA e China.
DESTAQUE
- MAGAZINE LUIZA avançou 6,18%, enquanto CARREFOUR BRASIL ganhou 5,4%, após as empresas anunciarem na véspera parceria por meio da qual o Magazine Luiza (SA:MGLU3) venderá eletrodomésticos e produtos eletrônicos em duas lojas do grupo supermercadista por um prazo de seis meses.
- B2W (SA:BTOW3) subiu 6,57%, após três pregões consecutivos de queda, enquanto LOJAS RENNER valorizou-se 3,58% e VIA VAREJO elevou-se 3,52%, em sessão positiva para o setor varejista. "O bom humor quanto à aprovação da reforma da Previdência é um fator de impulso para as ações do setor de varejo, que será um dos grandes beneficiados em caso de sucesso", afirmou Guimarães, da Levante.
- EDP (SA:ENBR3) BRASIL teve alta de 2,19%, na esteira de anúncio da companhia de acerto com a CEE Power e Brafer para aquisição da Litoral Sul Transmissora de Energia, que possui linhas de transmissão em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A operação está sujeita à aprovação pela Agência Nacional de Energia Elétrica.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) ganhou 2,13% e PETROBRAS ON (SA:PETR3) subiu 1,36%, em linha com a alta do preço do petróleo no exterior. A estatal embarcará petróleo em junho e julho para armazenamento na China visando responder mais rápido à demanda de refinarias independentes do país, disseram fontes. Além disso, reverberou a notícia de que a Petrobras está perto de vender dois campos de petróleo offshore, processo que pode alcançar cerca de 1 bilhão de dólares.
- CSN (SA:CSNA3) recuou 4,23%, um dia após encerrar em seu maior nível de fechamento desde 7 de abril de 2011. As ações têm sido beneficiadas por relativo otimismo de investidores sobre as perspectivas da empresa, que anunciou recentemente reajuste de preços de aço e que se beneficia com alta dos preços do minério de ferro na China e pela desvalorização do real contra o dólar.
(Por Stéfani Inouye e Aluísio Alves)