Por Patricia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou estável nesta quinta-feira, após abrir em alta, mas inverter curso e renovar mínima do ano durante o pregão, com falas de autoridades reforçando apostas de que o Federal Reserve não deve começar a cortar os juros tão cedo dada a inflação ainda elevada nos Estados Unidos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com variação positiva de 0,02%, a 124.196,18 pontos. Na máxima do dia, chegou a 125.140,22 pontos. Na mínima, a 123.396,53 pontos, menor patamar desde novembro passado. O volume financeiro somou 21,75 bilhões de reais.
Apesar de um início de dia mais positivo para os ativos de risco globais, o movimento de alta não conseguiu se sustentar.
Mais cedo, falas de dirigentes do Federal Reserve reiteraram a falta de urgência em reduzir as taxas de juros norte-americanas, incluindo as do presidente do Fed de Nova York, John Williams, e do presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic.
Alguns bancos agora estão projetando que não haverá cortes neste ano, dado o vigor da economia norte-americana e a inflação acima da meta.
"É claro que não tem nada certo... mas isso já ajudou a dar uma azedada no mercado", disse Renato Nobile, analista da Buena Vista Capital, reforçando que o indicador brasileiro permaneceu vulnerável ao ambiente externo. O índice de referência S&P 500 fechou em queda de 0,22%.
Em Washington, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a redução drástica nas expectativas de cortes da taxa de juros dos EUA afetou variáveis macroeconômicas globalmente, com uma reprecificação de ativos.
Uma pesquisa da XP (BVMF:XPBR31) com assessores filiados mostrou que, com um desempenho negativo do Ibovespa no mês passado, o sentimento em relação à bolsa se tornou mais cauteloso.
"O risco fiscal brasileiro segue sendo o foco dos assessores, mas preocupação com macro global ganhou relevância", afirmaram estrategistas da XP em relatório a clientes.
O Ibovespa caiu 0,71% em março, e acumulava até esta quinta-feira declínio de 3% em abril.
DESTAQUES
- VALE ON (BVMF:VALE3) fechou com alta de 0,37%, a 62,34 reais, abaixo da máxima da sessão, quando o papel chegou a tocar os 62,72 reais, em meio a novo avanço dos futuros do minério de ferro. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) encerrou as negociações diurnas com alta de 3,07%, a 874 iuanes (120,75 dólares) a tonelada.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) subiu 0,18%, a 39,85 reais, e PETROBRAS ON (BVMF:PETR3) caiu 0,24%, a 41,05 reais, refletindo a volatilidade nos preços do petróleo no mercado internacional, onde o barril do petróleo Brent encerrou em queda de 0,21%. Na sexta-feira, o conselho de administração da estatal deve se reunir, mas a questão sobre o pagamento de dividendos extraordinários não estará na pauta, disse o presidente-executivo, Jean Paul Prates, a jornalistas nesta quinta-feira.
- TOTVS ON (BVMF:TOTS3) valorizou-se 2,47%, a 27,76 reais, entre as maiores altas percentuais do Ibovespa. Analistas da Ativa Research atribuíram o movimento a um "sell side" mais otimista com relação ao desempenho da empresa de tecnologia.
- ASSAÍ ON avançou 2,65%, a 13,18 reais, em alta também atribuída a comentários positivos do "sell side" sobre a performance da companhia de alimentos.
- SABESP ON (BVMF:SBSP3) teve alta de 1,63%, a 82,77 reais, após a Câmara Municipal de São Paulo aprovar, em primeira votação, adesão à privatização da empresa. O texto ainda deve passar por uma segunda votação, com data a ser definida. O governo paulista, que prevê desestatizar a Sabesp este ano, definiu o prazo de lockup para o investidor de referência que se juntará à empresa de saneamento para até o final de 2029.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) ganhou 0,13%, a 31,73 reais, mantendo tendência ascendente da véspera, enquanto BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) caiu 0,43%, a 13,77 reais, no sétimo pregão consecutivo de queda.
- AZUL PN (BVMF:AZUL4) teve desvalorização de 3,82%, a 10,07 reais. De pano de fundo, notícias da mídia de que a companhia aérea estaria considerando uma eventual fusão com a Gol (BVMF:GOLL4), que está em recuperação judicial nos Estados Unidos.
- OI ON e OI PN, que não fazem parte do Ibovespa, avançaram 4,41% e 2,14%, respectivamente, após a companhia de telecomunicações apresentar versão atualizada de seu plano de recuperação judicial para apreciação em assembleia geral de credores.