Ibovespa fecha quase estável após tarifas de Trump

Publicado 03.04.2025, 17:04
Atualizado 03.04.2025, 17:30
© Reuters. REUTERS/Amanda Perobelli

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou praticamente estável nesta quinta-feira, com ações de companhias sensíveis à economia doméstica contrabalançando a pressão de papéis de empresas vulneráveis ao mercado externo, após os Estados Unidos anunciarem tarifas recíprocas a parceiros comerciais, incluindo o Brasil.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com variação negativa de 0,04%, a 131.140,65 pontos, após marcar 132.552,11 pontos na máxima e 130.181,74 pontos na mínima do dia. O volume financeiro somou R$28,2 bilhões.

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na véspera uma tarifa básica de 10% sobre todas as importações para os EUA e taxas mais altas sobre alguns dos maiores parceiros comerciais daquele país, escalando a guerra comercial que ele começou em seu retorno à Casa Branca neste ano.

Para as produtos da China, Trump anunciou uma tarifa de 34%, além dos 20% impostos anteriormente, elevando o novo imposto total para 54%. A União Europeia enfrentará uma tarifa de 20% e o Japão uma taxa de 24%. O Brasil ficou com 10%.

O anúncio derrubou o dólar -- inclusive ante o real -- e os rendimentos dos Treasuries, em meio temores de retaliações e dos efeitos nocivos das tarifas no crescimento da maior economia do mundo. Tal movimento reverberou nas taxas dos DIs no Brasil, favorecendo ações de empresas sensíveis a juros na B3 (BVMF:B3SA3).

Na visão do analista de economia Lucas Farina, da Genial Investimentos, o tão aguardado "Dia da Libertação" acabou surpreendendo positivamente e o desfecho "saiu barato" para o Brasil, que ficou no grupo de países impactados pela alíquota mínima de 10%.

"A despeito dessa surpresa positiva para o caso brasileiro, as maiores vantagens podem ser colhidas nos efeitos secundários, com a boa situação relativa do Brasil podendo se refletir em ganho de 'market share' das exportações do país no mercado global", afirmou em relatório a clientes.

"Adicionalmente, o 'timing' é benéfico dado o mau momento vivido pela balança comercial brasileira, que vem pesando sobre o saldo em transações correntes."

Economistas do UBS BB também avaliaram que a tarifa de 10% para o Brasil deve ter um impacto muito limitado no PIB e na inflação do país. Mas, ponderaram, os efeitos indiretos de uma contração nas condições financeiras globais, menor crescimento e maior inflação podem ser significativamente maiores.

Em Nova York, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou com um declínio de 4,84%.

 

DESTAQUES

- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) avançou 1,78%, respondendo pela maior contribuição positiva para o Ibovespa, em dia benigno para bancos no Ibovespa, com BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) fechando em alta de 1,92%, BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) subindo 0,56% e SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:SANB11) valorizando-se 1,4%.

- AUREN ON (BVMF:AURE3) saltou 7,58%, acompanhada de perto por ENGIE BRASIL ON (BVMF:EGIE3), que ganhou 4,74%. A Folha de S.Paulo publicou que o governo avalia flexibilizar cortes de geração de energia por usinas eólicas e parques solares. Ambas as empresas vinham sofrendo com essas restrições.

- COGNA ON (BVMF:COGN3) subiu 4,31%, após queda na véspera, quando a companhia realizou evento com investidores. De acordo com o Citi, as executivos do grupo de educação forneceram detalhes limitados sobre potenciais alavancas de eficiência no futuro no evento.

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) caiu 3,23%, em dia negativo no setor, pressionado pelo tombo do petróleo no exterior, onde o barril de Brent desabou 6,42% após anúncio das tarifas pelos EUA e com a Opep+ concordando com um aumento surpreendente na produção. BRAVA ON teve o pior desempenho, com queda de 7,18%.

- VALE ON (BVMF:VALE3) recuou 3,62%, também contaminada pelas preocupações sobre o crescimento da economia global, enquanto os futuros do minério de ferro na China tiveram uma queda modesta, de 0,32%, com a demanda sazonal pelo produto ajudando a amortecer a pressão negativa sobre os preços.

- SUZANO (BVMF:SUZB3) ON fechou negociada em baixa de 4,43%, tendo como pano de fundo uma queda do dólar ante o real e agentes buscando avaliar os reflexos das tarifas anunciadas por Trump. KLABIN UNIT (BVMF:KLBN11) terminou com declínio de 1,64%.

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