Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa engatou a quarta semana consecutiva de valorização, caminhando para o melhor desempenho para um mês de novembro desde 1999, beneficiado pelo noticiário favorável sobre vacinas contra Covid-19, além de fluxo de capital externo e rotação em portfólios para ações de valor e cíclicas.
Nas últimas semanas, o aumento de casos de coronavírus na Europa e Estados Unidos acabou sendo ofuscando por sinais promissores sobre a eficácia das vacinas, entre elas a da Pfizer (NYSE:PFE); (SA:PFIZ34), desenvolvida em parceria com a BioNTech (NASDAQ:BNTX), que pode ser aprovada pelo órgão regulador norte-americano ainda neste ano.
"O investidor global ficou com mais apetite a risco", disse o sócio na Aplix Investimentos Yuri Cavalcante, citando a depreciação do real neste ano como um componente adicional, uma vez que deixou as ações brasileiras duplamente descontadas quando se olha os preços em dólar. "Isso ofuscou as notícias internas e preocupações com o fiscal."
Ainda no cenário externo, o começo da transição de governo nos Estados Unidos trouxe alívio, assim como agradaram as primeiras informações ventiladas sobre a potencial equipe de Joe Biden, com destaque para a chance de que a ex-chair do Federal Reserve Janet Yellen comande o Tesouro norte-americano.
"Trump começa a admitir a vitória de Biden, e o próprio Biden que trazia um certo receio inicialmente já adotou um discurso bem conservador essa semana, o que fez os índices de volatilidade voltarem para os patamares pré-pandemia em níveis bem estáveis", afirmou o sócio na BlueTrade Abner Gonçalves
A bolsa brasileira ainda foi beneficiada pela entrada de estrangeiros no mercado secundário de ações, em linha com outros emergentes, com dados da B3 (SA:B3SA3) mostrando saldo líquido de cerca de 30 bilhões de reais em novembro até o dia 25, o que ajudou a reduzir o déficit para 53 bilhões de reais no ano.
Estrategistas também apontaram uma rotação nos portfólios de ações para papéis de empresas de 'valor' e 'cíclicas', com maior peso no Ibovespa, em detrimento de ações de 'crescimento', como as de tecnologia, como mais um componente para a forte recuperação, após acumular perdas nos três meses anteriores.
Além disso, a temporada de resultados das empresas brasileiras do terceiro trimestre mostrou dados melhores do que o esperado por muitos analistas, endossando avaliações de que o pior dos efeitos da pandemia de Covid-19 nas companhias do país ficou para trás.
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Nesta sexta-feira, o Ibovespa subiu 0,32%, a 110.575,47 pontos, acumulando alta de 4,28% na semana e valorização de 17,69% no mês. Considerando todo o calendário, pode vir a ser a maior performance mensal desde outubro de 2002.No ano, porém, o Ibovespa ainda mostra declínio de 4,38%.
O Índice Small Cap avançou 0,15%, a 2.664,26 pontos, com acréscimo de 4,76% na semana e alta de 18,38% no mês, enquanto, em 2020, ainda mostra desempenho negativo de 6,22%.
O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 27,7 bilhões de reais, de uma média diária de 35 bilhões de reais em novembro.
NOTÍCIAS DE AÇÕES EM DESTAQUE NA SEMANA:
- B3 mais que dobra número de investidores ativos para 3.178.780 em outubro
- PESQUISA-Ibovespa só deve se aproximar de máximas históricas em 2021
- ANÁLISE-Dow Jones supera 30 mil pontos e dá ao mercado impulso psicológico durante a pandemia
- Ânima Educação anuncia oferta de ações; deve precificar em 3/12
- Notre Dame Intermédica avalia oferta de ações
- Intelbras faz registro para IPO
- Iguá Saneamento desiste de IPO
- Telefônica Brasil conclui conversão de ações, apenas ONs estarão disponíveis para negociar na B3
DESTAQUES DO IBOVESPA DO ACUMULADO DO MÊS:
- PETRORIO (SA:PRIO3) avança 65,23%, tendo como principal gatilho da forte valorização o anúncio de que comprou fatias da britânica BP (LON:BP) em dois blocos no pré-sal, em uma rara transação na região altamente produtiva, por 100 milhões de dólares, o que tornará a companhia brasileira operadora dos ativos.
- AZUL PN (SA:AZUL4) sobe 63,59% e GOL PN (SA:GOLL4) mostra alta de 46,34%, em meio ao sentimento mais positivo relacionado ao desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus, uma vez que o setor foi um dos mais afetados pela pandemia, com ambas as companhias reportando recuperação da demanda e oferta de voos. No ano, elas ainda contabilizam perda de 36,7% e 37,61%, respectivamente.
- CVC BRASIL ON(SA:CVCB3) valoriza-se 46,17%, também na esteira das apostas atreladas a uma vacina contra o Covid-19, na esperança de que desencadeie uma retomada no setor de turismo. A companhia também concluiu neste mês a reestruturação de 1,5 bilhão de reais e divulgou resultados revisados.
- MAGAZINE LUIZA ON (SA:MGLU3) recua 1,79%, em meio ao movimento de realização de lucros nos papéis associados ao comércio eletrônico, que acumularam fortes altas. No ano, esse papel ainda contabiliza uma elevação de 103,23%.
- FLEURY ON (SA:FLRY3) cai 1,5%, com alguns analistas ainda enxergando incertezas para o cenário de recuperação em termos de demanda e retornos estruturais após várias novas iniciativas de receita, principalmente quando os testes de Covid-19 desaparecerem, embora o resultado do terceiro trimestre conhecido no começo do mês tenha sinalizado que a demanda está se recuperando rapidamente.
Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:
- Índice Financeiro: +18,99%
- Índice de Consumo: +10,91%
- Índice de Energia Elétrica: +10,99%
- Índice de Materiais Básicos: +14,62%
- Índice do Setor Industrial +12,17%
- Índice Imobiliário: +20,31%
- Índice de Utilidade Pública: +11,57%