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Ibovespa inicia setembro em alta de 0,81%, aos 110,4 mil pontos

Publicado 02.09.2022, 05:00
© Reuters.  Ibovespa inicia setembro em alta de 0,81%, aos 110,4 mil pontos
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Mesmo com o PIB mostrando recuperação generalizada da economia brasileira no segundo trimestre, a boa notícia da manhã não parecia o suficiente para que o Ibovespa iniciasse setembro com o pé direito. Os mercados do exterior ainda refletem cautela quanto ao ritmo de atividade global no momento em que a elevação dos juros de referência segue em curso, nos Estados Unidos e na Europa. Ainda assim, o Ibovespa encontrou fôlego no meio da tarde para retomar os 110 mil pontos e para evitar que a correção se estendesse pelo terceiro dia.

Nesta quinta-feira, com contenção de perdas em Nova York ao longo da tarde, o índice da B3 (BVMF:B3SA3) fechou na máxima do dia, em alta de 0,81%, a 110.405,30 pontos, saindo de mínima a 108.217,40, menor nível intradia desde 9 de agosto, e de abertura aos 109.523,84.

O comportamento desta quinta foi o oposto ao de quarta, quando o Ibovespa fechou na mínima do dia, em queda de 0,82%. O giro foi de R$ 28,6 bilhões na sessão desta quinta. Na semana, o Ibovespa cede 1,69% e no ano ainda avança 5,33%.

Em agosto, o movimento do Ibovespa pôde ser dividido em duas partes, observa Lucas Serra, analista da Toro Investimentos: até o dia 18, viés comprador acentuado, dando continuidade às altas observadas ainda em julho; na sequência, após fazer máximas perto dos 114,4 mil pontos, o Ibovespa entrou "em um movimento não direcional, sinalizando que a força compradora pode ter se exaurido e que poderemos observar a entrada mais forte de vendedores ao longo de setembro".

Os mais recentes dados sobre fluxo externo para a B3 sugerem o mesmo. Os investidores estrangeiros retiraram R$ 733,454 milhões da B3 na sessão de terça-feira, 30, colocando o aporte total do mês a R$ 17,2 bilhões, faltando apenas o dado de 31 para o fechamento da leitura de agosto. O saque de recursos estrangeiros na terça coincidiu com queda de 1,68% no Ibovespa, então a 110,4 mil pontos.

Após ter enfrentado mesmo dias de turbulência externa para levar a recuperação iniciada em meados de julho adiante, o Ibovespa tem dado sinais de cansaço. O cenário global desafiador em componentes centrais, como EUA, Europa e China, é um teste para a resiliência do índice da B3, que saiu em cerca de um mês das mínimas desde novembro de 2020 para as máximas desde abril de 2022.

Divulgado nesta quinta nos EUA, o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial em agosto, do Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), deve chancelar uma alta de 75 pontos-base na taxa básica de juros americana em setembro, avalia o Citigroup (NYSE:C) em relatório. O PMI industrial do ISM ficou estável em agosto, a 52,8, contrariando a expectativa de queda. Todos os principais componentes do índice - novos pedidos, produção e emprego - ficaram acima do nível 50, o que indica expansão, lembra o Citi.

Por outro lado, na China, a queda abaixo de 50 do índice de gerentes de compras (PMI) do setor industrial da China em agosto, da Caixin, é mais um sinal de que o crescimento do gigante asiático estagnou, em quadro que deve piorar diante da perda de fôlego das exportações e crise do setor imobiliário, avalia o economista-sênior para China da Capital Economics, Julian Evans-Pritchard. Leituras abaixo de 50 indicam contração da atividade, na margem. O PMI oficial, divulgado também nesta semana, registrou contrações tanto em julho como em agosto.

Com a incerteza externa neste miolo de terceiro trimestre, a leitura desta quinta sobre o PIB do segundo trimestre no Brasil acabou sendo recebida no retrovisor. "O PIB do 2T22 cresceu 1,2% e o do 1T22 foi revisado de 1% para 1,1%; com isso, chegamos num PIB que supera o nível pré-pandemia em 3%, e 0,3% abaixo do ponto mais alto da série, no 1T14", aponta Igor Barenboim, sócio e economista-chefe da Reach Capital. "O destaque do crescimento ficou com o setor de serviços por conta da reabertura da economia: o segmento cresceu 1,3% e corresponde a 70% da economia."

"Na ótica da despesa, ressaltamos o crescimento do consumo das famílias (2,6%), dos investimentos (4,8%) e das importações (7,6%). Os dados refletem a abertura da economia, benefícios fiscais e a demanda represada na pandemia", observa Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. "Para o segundo semestre, a perspectiva é de arrefecimento da atividade diante dos efeitos da elevação dos juros e da alta inflação", diz. Mas, ressalva o economista, "a dinâmica do mercado de trabalho, reduções tributárias sobre itens importantes (combustíveis e energia) e novos incentivos fiscais, como a PEC dos Auxílios, darão fôlego para o 3º trimestre."

"Os dados antecedentes do terceiro trimestre indicam manutenção do sentimento positivo tanto dos consumidores quanto dos empresários, impulsionados por melhora da percepção, com mercado de trabalho mais forte e aumento da renda disponível", diz Pedro Patrão, economista da HCI Invest. "Mas também esperamos perda de ímpeto da atividade econômica no segundo semestre, diante dos impactos da taxa Selic em patamar contracionista", acrescenta.

"Para 2023, o PIB deve frear por conta das muitas incertezas acerca do futuro político do País, sem contar o impacto do ciclo de alta da Selic, elevada de 2% no final do ano passado para o patamar de 14%, além das dúvidas que ainda pairam sobre a gestão das contas públicas", avalia Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos

Ainda sem apresentar qual a âncora fiscal em eventual governo do PT, o candidato e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou nesta quinta-feira críticas ao teto de gastos, durante participação em evento em Belém (PA). "Não aceito a ideia de criar teto de gastos. Teto de gastos é o compromisso moral que a gente tem com esse País. A gente não pode gastar mais do que arrecada, mas é preciso saber o que é gasto e o que é investimento para não ficar 'tudo é gasto'", disse Lula.

Nesta quinta-feira, dentre as ações e setores de maior liquidez na B3, Petrobras (BVMF:PETR4) conseguiu operar na contramão do forte ajuste em andamento nas cotações da commodity, em queda superior a 3% no WTI e Brent, com a referência americana sendo negociada na faixa de US$ 86 e a global, de US$ 92 por barril. Ainda assim, Petrobras ON (BVMF:PETR3) e PN fecharam o dia, respectivamente, em alta de 1,80% e 1,87%, contribuindo para equilibrar o efeito de Vale ON (BVMF:VALE3) (-0,95%, queda bem moderada no encerramento), em dia sem sinal único para a siderurgia (CSN ON (BVMF:CSNA3) -1,67%, Usiminas PNA (BVMF:USIM5) +1,75%). Entre os grandes bancos, a direção foi majoritariamente positiva no fechamento, à exceção de Bradesco ON  (BVMF:BBDC4), que fechou sem variação, estável na sessão.

Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque para MRV (BVMF:MRVE3) (+7,59%), Cyrela (BVMF:CYRE3) (+6,92%), Banco Pan (BVMF:BPAN4) (+5,45%) e JHSF (BVMF:JHSF3) (+5,16%). No lado oposto, IRB (BVMF:IRBR3) (-14,63%), Pão de Açúcar (BVMF:PCAR3) (-5,26%), Petz (BVMF:PETZ3) (-2,49%) e Embraer (BVMF:EMBR3) (-2,39%).

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