Por Priscila Jordão
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa caía mais de 2 por cento na manhã desta sexta-feira, pressionada principalmente por ações ligadas a commodities, com a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia surpreendendo os mercados ao redor do mundo, que estavam se preparando nos últimos dias para uma escolha pela permanência.
Às 10h56, o Ibovespa recuava 2,4 por cento, a 50.341 pontos. O giro financeiro era de 1,64 bilhão de reais.
Com isso, investidores se voltavam para ativos considerados mais seguros e realizavam ajustes após os últimos pregões -- a Bovespa subiu quase 3 por cento na véspera com o mercado apostando em uma manutenção britânica na UE.
Para além do Reino Unido, a preocupação era sobre o futuro do bloco econômico, com possível fortalecimento do separatismo em outros países. O principal índice acionário europeu FTSEurofirst 300 recuava 5,23 por cento e, nos Estados Unidos, o S&P 500 perdia 2,3 por cento.
De acordo com o economista-chefe do Modalmais, Álvaro Bandeira, os impactos negativos para o Brasil são vários, uma vez que a instabilidade afeta preços de commodities, o câmbio, dificulta investimentos externos diretos e a tomada de empréstimos.
Com isso, a atenção se volta para qual será a ação de bancos centrais para tentar dar equilíbrio ao mercado. "Se os BCs tiverem uma ação coordenada e atuação de maior prudência, dando liquidez, pode ser que a situação se acalme", disse Bandeira. A avaliação também é de que o Federal Reserve tende a postergar uma alta do juro.
Contudo, parte do mercado já relativizava o impacto do resultado do referendo nos próximos dias. "Embora a decisão da votação deva pesar em preços de ativos de mercados emergentes ao longo dos próximos dias, o impacto econômico direto no mundo emergente deve ser menor do que muitos temem", disse a consultoria Capital Economics em relatório.
O HSBC afirmou que, uma vez que a poeira baixe, a decisão não deve ter um impacto continuado, ao menos para regiões fora da Europa central e oriental.
A notícia deixava o restante do noticiário doméstico em segundo plano.
DESTAQUES
--PETROBRAS perdia 5 por cento nas preferenciais e nas ordinárias, em meio à forte baixa do preço do petróleo por conta da decisão do Reino Unido. Além disso, a estatal informou na quinta-feira que o Petros, seu fundo de pensão, fechou 2015 com um déficit de 22,6 bilhões de reais, diante de um limite de tolerância máximo de 6,5 bilhões de reais previsto em legislação.
--VALE tinha as preferenciais em baixa de 4,6 por cento, assim como outros papéis ligados a commodities como CSN (SA:CSNA3) e Gerdau (SA:GGBR4), que caíam 5 e 3,9 por cento, respectivamente.
--CYRELA tinha desvalorização de 2,2 por cento depois de acertar acordo para investir entre 73 milhões e 100 milhões de reais na rival Tecnisa (SA:TCSA3), cujos papéis recuavam 1,2 por cento. A operação envolverá aumento de capital de até 200 milhões de reais pela Tecnisa, a um preço de emissão de 2 reais -- o valor representa deságio de 17 por cento sobre o preço de fechamento da ação da Tecnisa na véspera, de 2,41 reais.
--ESTÁCIO caía 2,6 por cento. A empresa informou que conversas com representantes da Unip sobre uma eventual união não prosperaram. A Ser Educacional (SA:SEER3) prepara novos termos de sua proposta pela Estácio até o começo da próxima semana, disse uma fonte a par das negociações. KROTON (SA:KROT3), que melhorou sua proposta pela união com a Estácio, recuava 1,4 por cento.
--FIBRIA e KLABIN caiam 2 por cento cada enquanto SUZANO tinha baixa de 0,8 por cento, apesar da alta do dólar frente ao real.
--BRADESCO perdia 3 por cento nas ações preferenciais, apesar do Conselho de Administração do segundo maior banco privado do país ter aprovado a renovação de um programa de recompra de ações, num total de até 15 milhões de papéis.
--ELETROBRAS subia3 por cento. Nesta sexta-feira, edital de desestatização da distribuidora de energia goiana Celg-D, controlada pela Eletrobras (SA:ELET3), estabeleceu um valor mínimo de 2,8 bilhões de reais para o leilão previsto para ocorrer em 19 de agosto.