Investing.com - O Ibovespa se acomodou em baixa de 3% em um dia de forte volatilidade com o resultado do referendo que decidiu pela saída do reino Unido da União Europeia. Após ter aberto com queda acima de 4%, tocando a mínima de 49.554 pontos, o índice recupera parte das perdas e oscila próximo aos 50 mil pontos.
A grande ansiedade dos investidores no Brasil começou com os primeiros resultados da votação no Reino Unido, que foram liberados pouco antes das 20h de ontem. A pressão sobre a libra, bolsas asiáticas e os índices futuros foi ampliando, acompanhando a apuração que encerrou na madrugada apontando a vitória do Brexit por 51,9% contra 48,1%. Hoje, pela manhã, o primeiro-ministro do país, David Cameron, anunciou sua renúncia.
Os bancos centrais se movimentaram para impedir um travamento no mercado de crédito como o visto após a quebra do Lehman Brothers, que detonou a crise de 2008. Fed e os bancos da Inglaterra, China, Europa e do Japão anunciaram disposição para garantir a liquidez do mercado.
No Brasil, o sentimento é que não está tão ruim como poderia ser. Apesar de a bolsa operar em baixa com fortes quedas de blue chips, não houve um sell-off e o dólar sobe moderadamente.
A situação global, contudo, não é a mesma. Os países europeus mais frágeis acumularam grandes perdas com Grécia caindo 13,4%, seguida por FTSE MIB (-12,5%), e Espanha (-12,3%). O pessimismo não poupou as grandes economias e o CAC 40 caiu 8%, DAX, -6,8%, e o londrino FTSE 100 perdeu 3,2%.
As maiores perdas do dia no Ibovespa vêm das ações da Vale, que perdem 7,4% nas ações ordinárias (SA:VALE3), e 7% nas preferenciais (SA:VALE5). O minério de ferro cedeu 2,5% na China e voltou a ser vendido na casa dos US$ 50/t. A Bradespar (SA:BRAP4) cai 6,7%.
O setor siderúrgico acompanha a baixa com perdas de 5,5% na Metalúrgica Gerdau (SA:GOAU4) e de 5,6% na Gerdau (SA:GGBR4). A Usiminas (SA:USIM5) cede 5,4% em meio a novo capítulo de sua briga societária. O grupo Nippon Steel entrou na Justiça para derrubar o atual presidente da companhia brasileira, Sérgio Leite. A CSN (SA:CSNA3), maior acionista minoritário da Usiminas, cai 7%.
A Petrobras (SA:PETR4) ameniza as perdas da abertura e cai 5,8% acompanhando o mergulho dos preços do petróleo com o Brexit. A commodity afunda 4,6%, retornando aos US$ 47/b, em um movimento de aversão ao risco dos mercados. A companhia também anunciou um rombo de R$ 16 bilhões no seu fundo de pensão Petros, que deverá ser coberto pelos funcionários. O jornal Estado de S.Paulo informou que o governo descartou um aporte de capital na empresa.
Os bancos acompanham o pessimismo do mercado e operam com fortes baixas. O espanhol Santander (SA:SANB11) lidera as perdas com -5%, seguido por Itaú Unibanco (SA:ITUB4) (-3,3%) e o Bradesco (SA:BBDC4) (-2,8%), que anunciou uma renovação de recompra de até 15 milhões de papéis. Banco do Brasil (SA:BBAS3) perde 2,7% e o Itausa (SA:ITSA4), -2,5%, em dia que foi elevado de underperform para sector perform no Scotiabank.
Dólar
A moeda perdeu a força da abertura e opera em alta de 1,5%, aos R$ 3,39. Pouco após o início das negociações às 9h, a divisa chegou aos R$ 3,4468 em movimento de pânico, passando a ceder em seguida. Com o Brexit, a expectativa de uma nova alta de juros no Fed, o que valorizaria o dólar, está praticamente descartada neste ano.