Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou praticamente estável nesta quarta-feira, perdendo fôlego no fim do pregão, com a cautela prevalecendo antes de decisão de política monetária do Banco Central e o risco de um aumento mais forte na Selic.
Índice de referência no mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com variação negativa de 0,05%, a 106.363,10 pontos, após os ajustes finais do pregão. Na máxima do dia, chegou a superar os 108 mil pontos (+1,7%). O volume financeiro somou 27,7 bilhões de reais.
Um alívio nos juros futuros abriu espaço para a tentativa de recuperação na bolsa paulista nesta sessão, após o Ibovespa cair mais de 2% na véspera, quando o IPCA-15 endossou apostas de um aumento mais potente na Selic nesta quarta-feira.
Mas sem mudança efetiva no prognóstico, o Ibovespa arrefeceu, uma vez que a bolsa tende a responder negativamente à perspectiva de juros mais altos no horizonte, entre outras razões, pelo efeito no custo de capital das empresas e potencial migração de recursos da renda variável para a renda fixa.
"Se antes a gente trabalhava com mais uma alta de 1 ponto percentual, isso não vai ser suficiente e vai ser uma sinalização péssima para o mercado e para os investidores", disse o diretor de investimentos da Kilima Asset, Eduardo Levy.
Após o presidente Jair Bolsonaro ter decidido romper o teto de gastos, afirmou, o ministro da Economia acabou jogando para o BC a responsabilidade de conter os mercados e obviamente segurar a inflação de uma maneira muito mais incisiva.
"Hoje, nada menos do que 1,5 ponto vai ajudar", avaliou, acrescentando que o mercado também já precifica outras altas significativas que provavelmente farão o BC romper a barreira psicológica de dois dígitos para a Selic.
Desde a semana passada, vários bancos vêm revisando suas projeções para esta decisão do Copom, com muitos economistas já estimando alta de 1,5 ponto percentual e enxergando uma taxa de dois dígitos no final do ciclo de alta.
O pregão nesta quarta-feira ainda contou com a repercussão a balanços corporativos de nomes como Santander Brasil (SA:SANB11), Gerdau (SA:GGBR4), Banco Inter (SA:BIDI4) e Weg (SA:WEGE3), com as respectivas ações mostrando desempenho sem direção comum.
DESTAQUES
- BANCO INTER UNIT (SA:BIDI11) e BANCO INTER PN subiram 0,7% e 0,6%, respectivamente, após o banco digital reverter prejuízo e lucrar 19,2 milhões de reais no terceiro trimestre, mais do que dobrando a carteira de crédito no período.
- SANTANDER BRASIL UNIT fechou quase estável, mesmo após divulgar alta de 12,5% no lucro do terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, com o ROE no melhor patamar histórico. No setor, BRADESCO PN (SA:BBDC4) subiu 1,33% e ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) avançou 0,76%.
- EZTEC (SA:EZTC3) ON valorizou-se 5%, em sessão de recuperação do setor imobiliário, na esteira do alívio na curva de juros. O índice do segmento na B3 (SA:B3SA3), que também inclui ações de shoppings, subiu 3,11%. MULTIPLAN ON (SA:MULT3), que divulga resultado após o fechamento do mercado nesta quarta-feira, encerrou com acréscimo de 4,6%.
- PETRORIO ON (SA:PRIO3) recuou 6,6%, em sessão de forte queda dos preços do petróleo no exterior. A companhia anunciou na véspera que iniciou a produção de poço em Tubarão Martelo com volume de 3,8 mil barris/dia.
- GERDAU ON perdeu 2,5%, revertendo ganhos do começo do dia, quando subiu 3,67% após salto no lucro do terceiro trimestre. A companhia espera recuperação mais lenta que o esperado no setor automotivo. No setor de mineração, VALE ON (SA:VALE3) caiu 2,3%.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) cedeu 0,2%, tendo de pano de fundo a queda do preço do petróleo no exterior, enquanto Bolsonaro voltou a falar que considera privatizar a empresa e que ela serve para lhe dar "dor de cabeça" e prestar serviço aos acionistas.
(Edição de Aluísio Alves)