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Ibovespa recua em dia com Powell e IPCA-15, mas assegura semana positiva

Publicado 25.08.2023, 17:05
© Reuters. REUTERS/Amanda Perobelli
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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) -O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira, abaixo dos 116 mil pontos, após o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, deixar aberta a porta para mais aumento dos juros nos Estados Unidos, enquanto, no Brasil, o IPCA-15 mostrou inflação acima das previsões em agosto.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,02%, a 115.837,2 pontos. No começo da sessão, chegou a flertar com o sinal positivo, marcando 117.252,11 pontos. Na mínima do dia, recuou a 115.396,62 pontos.

O volume financeiro somou 18,7 bilhões de reais.

Apesar de tal desempenho, o Ibovespa assegurou o sinal positivo no acumulado da semana, com acréscimo de 0,37%, o que não acontecia há cerca de um mês.

Nos EUA, o titular do banco central do país afirmou que ainda não está claro se os juros estão altos o suficiente para controlar a inflação e que a autoridade monetária está preparada para elevar mais a taxa se apropriado. Mas ressaltou que o Fed procederá "com cuidado" ao decidir sobre novas altas.

Na visão do economista-sênior do Inter, André Cordeiro, o discurso de Powell veio mais duro até mesmo que as últimas comunicações do Comitê de Política Monetária (Fomc) do Fed, o que é ilustrado pela afirmação de que o banco central dos EUA irá continuar a subir o juro até ter a certeza de que o trabalho está pronto.

Ele acrescentou que Powell elencou diversos motivos que podem levar a novos aumentos dos juros, como o mercado de trabalho e os gastos com consumo, mas ponderou que há o risco de apertar demais e o de fazer de menos, e por isso reforçou a necessidade de ser "data dependent" e agir de maneira gradual.

"Portanto, os próximos passos ainda estão em aberto", afirmou, reiterando projeção de que o Fomc irá pular a reunião de setembro e realizar uma nova alta na reunião de novembro.

Também o economista-chefe da Kínitro, Sávio Barbosa, avaliou que Powell sinalizou que a porta para novas altas está aberta, evidenciando quais são seus principais pontos de atenção, mas também que os próximos passos da política monetária precisam ser dados com cuidado e que serão dependentes dos dados.

Barbosa ainda chamou a atenção para a sinalização do titular do BC norte-americano de que o processo de desinflação deve demandar tempo e que a taxa de juros ficará em nível restritivo até a inflação moderar. "Ou seja, sinalizou juros altos por mais tempo", afirmou.

Wall Street mostrou volatilidade após a fala de Powell, mas fechou no azul, com o S&P 500 avançando 0,67%, o que ajudou a tirar o Ibovespa das mínimas do pregão.

As negociações na B3 (BVMF:B3SA3) também foram afetadas pelo IPCA-15 de agosto, que subiu 0,28%, com a taxa em 12 meses voltando a passar de 4%, superando projeções no mercado e endossando discurso recente do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que a batalha contra inflação no Brasil não está ganha.

Economistas do Bradesco consideraram o resultado misto, destacando como uma "parte benigna" a continuidade da desaceleração de serviços e destacando que a surpresa para cima é explicada em grande parte por itens voláteis. Mas ressaltaram que essa surpresa gera revisões altistas para o curto prazo.

DESTAQUES

- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) encerrou com decréscimo de 1,58%, a 26,86 reais, enquanto BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) desvalorizou-se 1,26%, a 14,83 reais, entre as maiores pressões de baixa.

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) recuou 0,68%, a 31,97 reais, após renovar máximas históricas durante a semana, em movimento descolado do aumento dos preços do petróleo no mercado externo nesta sessão, quando o Brent fechou em alta de 1,34%, a 84,48 dólares o barril.

- GPA (BVMF:PCAR3) ON caiu 7,23%, a 5,9 reais, ainda sofrendo com ajustes relacionados à cisão de participação do grupo de varejo alimentar no colombiano Éxito, por meio de uma redução de capital. O BTG Pactual (BVMF:BPAC11) também cortou a recomendação para a ação para "neutra", com preço-alvo de 7 reais para o final de 2024.

- CVC (BVMF:CVCB3) BRASIL ON fechou em baixa de 6,58%, a 2,27 reais, renovando mínima história intradia a 2,27 reais no pior momento.

- LOCAWEB ON (BVMF:LWSA3) recuou 5,29%, a 6,8 reais, no segundo dia de correção, após um desempenho mais positivo no começo da semana, com alta de quase 10% entre a segunda-feira e a quarta-feira. Na última sexta-feira, o papel tocou uma mínima intradia desde maio, a 6,40 reas, embora tenha fechado a 6,73 reais.

- VALE ON (BVMF:VALE3) cedeu 0,21%, a 62,07 reais, sucumbindo à pressão vendedora na bolsa apesar da alta dos contratos futuros do minério de ferro na Ásia, apoiada em medidas de suporte à recuperação econômica da China e no otimismo com as perspectivas de demanda no curto prazo.

- SÃO MARTINHO ON avançou 4,02%, a 36,5 reais. O Bradesco BBI elevou a recomendação da ação para "compra", citando visão otimista sobre os preços do açúcar apoiada na alta probabilidade de um forte El Niño ocorrer ao longo do quatro trimestre de 2023 e do primeiro trimestre de 2024. RAÍZEN PN (BVMF:RAIZ4) ganhou 1,61%.

- WEG ON (BVMF:WEGE3) fechou em alta de 1,06%, a 36,36 reais, tendo como pano de fundo anúncio pela fabricante de motores elétricos e tintas industriais de investimento de 40 milhões de dólares na compra de novo terreno no México, país no qual está presente desde 2000.

- TENDA ON (BVMF:TEND3), que não está no Ibovespa, caiu 4,02%, a 14,32 reais, após a construtora informar que fez pedido para oferta subsequente de até 18,75 milhões de ações, uma operação da ordem de 280 milhões considerando o preço de fechamento do papel na véspera.

© Reuters. REUTERS/Amanda Perobelli

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(Edição de Alexandre Caverni e Pedro Fonseca)

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