Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa encerrou quase estável nesta quinta-feira, mas garantiu sinal positivo nos ajustes de fechamento e se sustentou acima dos 100 mil pontos pelo sexto pregão consecutivo, desta vez ajudado por notícias mais positivas para o andamento da reforma da Previdência e pela disparada dos papéis do GPA.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa terminou com variação positiva de 0,04%, a 100.723,97 pontos. O volume financeiro somou 14,58 bilhões de reais.
A decisão de deputados de adiar a tramitação da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara enquanto buscam uma solução sobre a extensão das novas regras de aposentadoria a Estados e municípios minou a primeira parte do pregão, fazendo o Ibovespa chegar a 99.420,64 pontos no pior momento.
No começo da tarde, porém, noticiário mais conciliador colocou o Ibovespa no azul, chegando a 101.024,95 pontos. O Ibovespa ainda voltaria ao vermelho antes de fechar com um pequeno acréscimo.
Profissionais da área de renda variável destacaram principalmente comentários do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em evento fechado em São Paulo, prometendo que colocará a proposta que muda as regras das aposentadorias em votação no plenário da Casa antes do recesso parlamentar.
Também o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou nesta quinta-feira que os governadores se comprometeram a buscar encaminhamento a favor da reforma, enquanto relator do projeto, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), afirmou ser possível votar a proposta no plenário da Casa neste semestre legislativo.
"Investidores continuam monitorando a reforma da Previdência como a principal alavanca para 2019", destacou o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, uma vez que veem nela a possibilidade de destravar o corte nos juros, a reforma tributária e a entrada de investimentos estrangeiros.
No exterior, os negócios continuaram refletindo expectativas para o encontro entre os presidentes dos Estados Unidos e da China no fim de semana no G20, principalmente sinais de progresso nas negociações comerciais entre os dois gigantes econômicos que têm agitado os mercados globais há meses.
EM Nova York, o S&P 500 fechou em alta de 0,38%.
DESTAQUES
- GPA PN (SA:PCAR4) disparou 11,26%, maior alta percentual em um dia considerando o fechamento em oito anos (junho de 2011), após proposta do controlador Casino de uma reorganização dos ativos do grupo francês de varejo na América Latina, plano que inclui a compra pela companhia brasileira da rede colombiana Éxito e a migração da empresa para o segmento Novo Mercado, da B3. Analistas entenderam que o anúncio retira incerteza relevante que vinha pesando sobre os papéis.
- PETROBRAS ON (SA:PETR3) recuou 2,16%, com operadores atribuindo o movimento a vendas por agentes que participaram da oferta secundária dos papéis ordinários da companhia detidos pela Caixa Econômica Federal realizada mais cedo na semana. "A operação inclui bastante pessoa física que entrou vendendo já no leilão de abertura de hoje", disse um deles. O Ministério de Minas e Energia também definiu que eventuais disputas entre petroleiras vencedoras do leilão de excedentes da cessão onerosa e a Petrobras sobre valores a serem pagos à estatal como compensação por investimentos já realizados serão submetidas a arbitragem. PETROBRAS PN (SA:PETR4) caiu 1,59%.
- ITAÚ UNIBANCO PN e BRADESCO PN (SA:BBDC4) caíram 0,68% e 0,47%, respectivamente, longe das mínimas do dia, Decisão na véspera do Banco Central de reduzir a alíquota do recolhimento compulsório sobre depósitos a prazo de 33% para 31% foi considerada neutra para o balanço dos bancos. Conforme lembrou a equipe do Itaú BBA, os depósitos compulsórios dos depósitos a prazo já rendem taxa Selic - diferentemente dos recolhimentos compulsórios sobre depósitos à vista que possuem rendimento zero. [nL2N23X1U2]
- B3 valorizou-se 1,87%, também ajudando no resultado final positivo do Ibovespa.
- VALE (SA:VALE3) subiu 0,23%. Os preços do minério de ferro na bolsa chinesa de Dalian subiram para um nível recorde nesta quinta-feira, encerrando uma sequência de três dias de queda, por renovadas preocupações com um aperto na oferta do material, usado na fabricação de aço.
- ENEL DISTRIBUIÇÃO SÃO PAULO, ex-Eletropaulo, que não está no Ibovespa, saltou 35,01%, após a controladora da companhia, a elétrica italiana Enel (MI:ENEI), divulgar que fará uma nova oferta pública de aquisição (OPA) para todas ações da empresa que não estão em suas mãos.
(Edição Alberto Alerigi Jr. e Eduardo Simões)