Vindo de leves perdas nas duas semanas anteriores (-0,06% e -0,34%), o Ibovespa conseguiu sustentar ganho de 1,61% nas últimas quatro sessões, entremeadas por um feriado na terça-feira por aqui, obtendo assim seu primeiro ganho semanal desde o intervalo entre 20 e 24 de setembro. Nesta sexta-feira, 15, sem muitos catalisadores domésticos ou externos, o índice da B3 (SA:B3SA3), auxiliado pela baixa do dólar (-1,11%, a R$ 5,4547 no fechamento), conseguiu reduzir parte do atraso em relação a Nova York, onde os ganhos chegaram a 2,18% (Nasdaq) na semana - na Ásia, Tóquio avançou 3,64% no intervalo; na Europa, Londres teve alta de 1,95% e Frankfurt, de 2,51% no período.
Os sinais de recuperação da economia americana, reiterados na ata do Fed desta semana, que manteve a indicação sobre retirada de estímulos monetários a partir de novembro, deixam os emergentes na defensiva, situação que ganha uma textura a mais no Brasil, em meio à falta de avanço na agenda de reformas à medida que o ano se aproxima do fim e a temporada eleitoral começa a ganhar a boca de cena, com incerteza pendente sobre questões como valor e extensão de benefícios sociais e parcelamento de dívidas (precatórios).
Nesta sexta-feira, o desempenho das vendas do varejo nos Estados Unidos, em alta de 0,7% em setembro quando se esperava queda de 0,2% na margem, contribuiu para o apetite por risco, alimentando também a demanda por ações de empresas do setor na B3. Na ponta do Ibovespa, destaque para Pão de Açúcar (SA:PCAR3) (+11,85%), com a transação de R$ 5,2 bilhões com o Assaí (SA:ASAI3) para transferência e conversão de pontos comerciais do Extra Hiper - logo depois, Americanas ON (SA:AMER3) (+9,18%), Lojas Americanas (SA:LAME4) (+6,41%) e Cielo (SA:CIEL3) (+5,65%).
O dia foi negativo para Petrobras (SA:PETR3) (SA:PETR4) (ON -0,30%, PN -0,27%) - mesmo com o Brent em alta na sessão, e de 3% na semana, negociado agora perto de US$ 85 por barril -, o que impediu que o Ibovespa fosse um pouco além na sessão, em dia de alguma recuperação para Vale ON (SA:VALE3) (+1,87%) e de ganhos sólidos no setor de bancos (Unit do Santander (SA:SANB11) +3,99%, Bradesco (SA:BBDC4) PN +5,24%, BB (SA:BBAS3) ON +3,17%, Itaú (SA:ITUB4) PN +2,57%), embalados pela temporada positiva de balanços do segmento nos Estados Unidos. As siderúrgicas também operaram em boa parte da sessão no positivo, com destaque no fechamento para CSN ON (SA:CSNA3) (+1,88%) e Usiminas (SA:USIM5) PNA (+1,78%).
Ao final, muito favorecido pela descompressão do câmbio nesta sexta-feira, o Ibovespa mostrava alta de 1,29%, aos 114.647,99 pontos, melhor nível de fechamento desde 15 de setembro, então a 115.062,54. "O dólar passou a operar em queda de mais de 1% após a sinalização do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, de que a autarquia intervirá no mercado de câmbio quando necessário", aponta em nota a Terra Investimentos.
Em dia de vencimento de opções sobre ações, a referência da B3 oscilou entre mínima de 113.048,53 pontos e máxima de 114.776,05 pontos, renovada no fim da tarde, saindo de abertura aos 113.189,27 pontos. O giro financeiro totalizou R$ 31,1 bilhões nesta sexta-feira. No mês, o Ibovespa avança agora 3,31%, restringindo as perdas do ano a 3,67%.
Após ter tocado a marca durante a sexta-feira anterior e também no intradia da última quarta-feira, o Ibovespa conseguiu encerrar a semana "testando justamente os 114 mil pontos, resistência que será decisiva no curtíssimo prazo", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.
"Confirmado o rompimento do patamar, a tendência de baixa de curtíssimo prazo irá perder força e o mercado finalmente pode ter repique, com alvo inicial na faixa de 118 mil pontos", acrescenta o analista. Tal nível não é observado desde o princípio de setembro: após iniciá-lo em alta moderada, aos 119,3 mil, o índice embicou para os 116,6 mil pontos ainda no dia 2, quando começou a acentuar correção que se estenderia por setembro (-6,57% no mês).