SÃO PAULO – Os mercados domésticos demonstram otimismo nesta quarta-feira (11) com o início da sessão do Senado que pode afastar Dilma Rousseff da Presidência por até 180 dias. A formação da equipe econômica de eventual governo de Michel Temer também anima os investidores.
Em sessão prevista para terminar no fim da noite de hoje, é necessária apenas a maioria simples para que o pedido de abertura do processo de impedimento de Dilma seja aceito. Se 41 dos 81 senadores votarem a favor, o processo estará aberto e ela será afastada do cargo por até seis meses, período em que ocorre, de fato, o julgamento da presidente.
De acordo com levantamento do jornal O Estado de S. Paulo, 50 senadores votarão a favor do impedimento de Dilma. Conforme o rito decidido por Renan Calheiros, presidente do Senado, a sessão será dividida em três blocos: de 9h às 12h, de 13h às 18h e de 19h em diante.
Com levantamentos de jornais apontando para a aprovação do impeachment – tese aceita pelo próprio governo –, ganham ainda mais destaque os nomes que devem compor a possível equipe de governo do vice-presidente Michel Temer (PMDB).
Segundo o jornal Valor Econômico, o economista-chefe do Itaú (SA:ITSA4), Ilan Goldfajn, está praticamente confirmado como presidente do Banco Central, notícia que deve agradar os mercados.
As bolsas europeias e os índices futuros norte-americanos operam em queda, devolvendo os ganhos do último pregão e pressionados pelo setor financeiro. Os preços do petróleo oscilam próximo da estabilidade.
Às 10h10 (horário de Brasília), o Ibovespa avançava 1,03%, aos 53.917 pontos.
Corporativo
A agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou a percepção de risco de diversas empresas brasileiras, na esteira do rebaixamento do rating soberano do Brasil. Petrobras (SA:PETR4) está entre as companhias que sofreram downgrade na nota de longo prazo em moeda estrangeira, de "BB+" para "BB (SA:BBAS3)", com perspectiva negativa.
Já Cielo (SA:CIEL3), Localiza (SA:RENT3) e Comgás (SA:CGAS5) viram seus ratings caírem de "BBB-" para "BB+", com perspectiva negativa. A nota de Eletrobras (SA:ELET3) passou de "BB" para "BB-", também com perspectiva negativa.
Câmbio
O dólar segue o otimismo generalizado no mercado doméstico a tendência de desvalorização da moeda no ambiente internacional mesmo após intervenção do Banco Central.
A autoridade monetária realizou leilão de swap cambial reverso – equivalente a uma compra futura de dólares – na tentativa de trazer a moeda de volta ao piso psicológico de R$ 3,50. A autoridade monetária vendeu 15.970 contratos de swap cambial reverso, em operação das 9h30 às 9h40.
Neste contexto, o dólar à vista tinha queda de 0,71%, cotado a R$ 3,4503.
O Dollar Index – que mostra a variação da moeda ante uma cesta de seis divisas fortes – recuava 0,34%.
Juros
O mercado de juros futuros reage com otimismo à provável indicação de Goldfajn para a presidência do Banco Central.
Segundo o jornal Valor Econômico, Goldfajn está praticamente confirmado no cargo. A decisão de Michel Temer em retirar o status de ministro do cargo, e consequentemente o foro privilegiado, era o único problema na busca por um nome para o BC e teve de ser renegociada junto com Henrique Meirelles, provável novo ministro da Fazenda.
Ficou acertado que o status de ministro será mantido até que a proposta de autonomia do BC seja enviada ao Congresso.
Goldfajn é muito respeitado tanto no meio acadêmico como no mercado financeiro. “Ilan tem as qualificações técnicas para comandar o Banco Central”, afirma a LCA Consultores.
Neste contexto, a taxa de juros negociada na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) com vencimento em janeiro de 2017 tinha queda de 13,63% para 13,56%. O contrato do juro para janeiro de 2018 recuava de 12,74% para 12,62% e a taxa para janeiro de 2019 caía de 12,45% para 12,29%.