O Ibovespa sobe moderadamente nesta sexta-feira, 19, apesar da leve cautela moderada no exterior diante de um apagão cibernético mundial e do recuo das commodities. Na quinta-feira, 18, o Índice Bovespa fechou em baixa de 1,39%, aos 127.652,06 pontos. A despeito da valorização, caminha para fechar a semana com queda em torno de 0,50%, por ora, depois da quarta elevação seguida na passada.
Os investidores veem com bons olho o anúncio do contingenciamento, na quinta, pelo governo do presidente Lula. Assim, o dólar à vista cai ante o real, assim como algumas taxas futuras de juros. No Ibovespa, o vencimento de opções sobre ações na B3 (BVMF:B3SA3) tende a elevar o giro financeiro, que tem sido módico.
Na quinta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se antecipou e anunciou o congelamento de R$ 15 bilhões em despesas para tentar atingir as metas do arcabouço fiscal neste ano. Para analistas, o montante é insuficiente para o governo cumprir ao menos o piso da meta fiscal deste ano, de zerar o déficit das contas públicas. O valor do congelamento anunciado supera a mediana das estimativas de R$ 12 bilhões do Projeções Broadcast.
Como ressalta Raony Rossetti, CEO e fundador da Melve, o mercado esperava um contingenciamento de até R$ 10 bilhões, mas o número superou essa marca, o que, segundo ele, é bem visto. "Traz um pouco de alívio", afirma.
Para o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, o cenário fica um pouco menor pior após o anúncio do contingenciamento. "Não foi o melhor, mas alivia", diz.
"Ainda é um número comedido o do contingenciamento, mas a mensagem é muito importante e acaba trazendo essa surpresa marginalmente positiva para o mercado", na opinião da economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta.
Conforme Rossetti, os sinais são de que o corte será feito em ministérios ligados a causas sociais, o que não era defendido pelo presidente Lula. Neste sentido, o CEO da Melve avalia que Haddad está recebendo autonomia de Lula, o que o fortalece. "Claro que o anúncio está longe de cobrir todo o rombo, mas é um sinal importante", acrescenta.
Além disso, gera algum otimismo a notícia de que o Ministério de Minas e Energia deve arrecadar R$ 15 bilhões com o leilão de petróleo da União, que será realizado no próximo dia 31, na B3. "Estamos falando de um fôlego nas contas públicas de R$ 30 bilhões no total", completa Rossetti, da Melve.
Nos Estados Unidos, os juros dos Treasuries e o dólar ante moedas principais têm viés de alta, enquanto as bolsas caem levemente por incertezas sobre as eleições americanas e dúvidas no cenário geopolítico, que afeta o setor de tecnologia, estratégico para a segurança nacional.
Um apagão cibernético está provocando atrasos em voos no exterior, além de prejudicar serviços bancários e de comunicação ao redor do mundo, nesta sexta-feira. O ministro de Portos de Aeroportos, Silvio Costa Filho, divulgou no X (antigo Twitter) que o apagão cibernético global não afetou os aeroportos brasileiros, mas que segue monitorando o quadro ao lado da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Se não fosse o apagão cibernético registrado no mundo nesta sexta, o tom seria positivo. Como ainda não se sabe a razão do ocorrido e se terá efeitos consideráveis na economia real, gera cautela. "É um problema digital, mas que pode trazer problemas mais complicados para a esfera real. Com a inexistência de uma agenda de indicadores hoje, o mercado acaba absorvendo essa questão de forma um pouco mais intensa", avalia Carla Argenta, da CM Capital.
Às 11h05, o Ibovespa subia 0,44%, aos 128.219,96 pontos, depois de avançar 0,55%, na máxima aos 128.360,05 pontos, ante mínima aos 127.652,06 pontos, quando teve alta de 0,02%, mesmo nível da abertura.
Entre as blue chips de commodities, Petrobras (BVMF:PETR4) subia entre 0,16% (PN) e 0,38% (ON), enquanto Vale (BVMF:VALE3) caía 0,47%, com o minério tendo fechado em baixa de 0,19% em Dalian, na China. O petróleo cedia em torno de 0,50%. Com o apagão não afetando os grandes bancos no Brasil, as ações sobem moderadamente.
Na agenda, Haddad acompanha Lula em agenda em São Paulo. No exterior, esta sexta traz falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).