Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa voltava ao território positivo nesta segunda-feira, em sessão volátil, puxado pela melhora da Petrobras (BVMF:PETR4), que, por sua vez, acompanhava a redução da queda dos preços do petróleo, enquanto Copel (BVMF:CPLE6) permanecia como destaque de alta, disparando mais de 20% em meio a expectativas sobre a privatização da estatal.
Às 15:27, o Ibovespa subia 0,73 %, a 109.662,13 pontos. Mais cedo, na máxima, chegou a 110.235,29 pontos, em meio a ajustes após cair 3% na semana passada. No pior momento, seguindo a piora de Petrobras, caiu a 107.957,01 pontos. O volume financeiro somava 19,6 bilhões de reais.
As cotações do petróleo afundaram no final da manhã reagindo a uma notícia do Wall Street Journal de que a Arábia Saudita e outros membros da Opep estão discutindo aumento da produção. O Brent chegou a 82,31 dólares o barril no pior momento, mas desacelerou a queda e era negociado a 87,51 dólares.
O comportamento da commodity reverberou nas ações da Petrobras, que abriram em alta, com a PN chegando a 27,57 reais, para depois cair a 26,05 reais no pior momento e, então, voltar ao azul, com alta de 1,05%, a 26,98 reais.
Vale ON (BVMF:VALE3), porém, ainda atenuava o fôlego do Ibovespa, cedendo 1,39%, a 79,71 reais, em dia mais negativo para ações atreladas a commodities por causa de preocupações com o aumento da Covid na China.
O país asiático está lutando contra numerosos surtos de Covid-19, informando no domingo 26.824 novos casos locais, aproximando-se dos picos de abril. Os novos casos minam expectativas de uma flexibilização nas rígidas restrições de circulação social tomadas pelo governo chinês contra a pandemia.
Temores sobre a desaceleração da atividade econômica em razão dos surtos de Covid na China enfraqueciam também Wall Street, onde o S&P 500 recuava 0,3%, com investidores também na expectativa da ata da última decisão de política monetária, que será divulgada na quarta-feira.
No Brasil, as atenções continuam voltadas para as negociações sobre a PEC da Transição - que amplia o espaço para os gastos públicos em 2023 - e os riscos ficais ao país, assim como permanece a incógnita acerca do ministro da Fazenda do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Estrategistas do Morgan Stanley (NYSE:MS) cortaram para "neutra" a recomendação das ações brasileiras, citando crescentes riscos fiscais em 2023, enquanto veem os últimos eventos reduzindo as chances de uma nomeação ortodoxa para comandar o ministério da Fazenda.
Na última semana, declarações de Lula e a PEC da Transição, que visa excluir da regra do teto de gastos os desembolsos com o Bolsa Família e faz outras alterações orçamentárias, geraram apreensão no mercado sobre a evolução da dívida pública do país.
Em paralelo, cresceram as especulações de que o petista Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, é o principal nome cogitado por Lula para comandar a Fazenda no próximo governo.
De acordo com Dan Kawa, diretor de investimentos da TAG Investimentos, a situação do fluxo para o mercado de renda variável local ainda é desafiadora, a despeito da entrada de recursos estrangeiros, uma vez que o CDI alto continua afastando os investidores locais.
Entre os destaques positivos na bolsa, Copel PNB eclipsava os demais, disparando 22,07%, a 8,74 reais, em meio a planos do governo do Paraná de transformar a elétrica em uma corporation. No melhor momento, atingiu a máxima intradia histórica de 9,12 reais.
A notícia de Copel contagiava outras estatais como Cemig (BVMF:CMIG4) PN, em alta de 9,28%, e Sabesp ON (BVMF:SBSP3), com elevação de 6,19%.
Também estava entre as maiores altas Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) ON, que subia 6,98%, a 3,37 reais, após uma queda de quase 9% acumulada na semana passada, com agentes financeiros atentos ao movimento da Black Friday nos próximos dias.