Investing.com – Fatores internos pesam no sentimento fraco para as ações latino-americanas, incluindo o Brasil, em meio a riscos de dólar e juros mais altos nos Estados Unidos, que também podem afetar ainda mais os fluxos para a região. No cenário doméstico, em meio à expectativa de medidas de corte de gastos, o risco fiscal ainda pressiona os ativos de risco.
A demanda por ações segue tímida na América Latina, argumenta o Bank of America (NYSE:BAC) (BofA) em relatório, mencionando como mercados que puxam os indicadores para baixo o mexicano e o brasileiro.
“No Brasil, o foco está nos ajustes fiscais. O BCB continua elevando as taxas em meio a um cenário mais desafiador, com taxas mais altas mais prováveis nos EUA e uma deterioração das expectativas de inflação”, apontaram os estrategistas Paula Soto, David Beker, Carlos Peyrelongue e Mateus Conceição.
Dados da Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) apontam para R$ 5,4 bilhões em saídas de fundos de ações em outubro, desconsiderando fundos com foco em ativos estrangeiros, em linha com indicadores levantados pelo BofA.
Enquanto isso, a alocação de ações dentro da indústria de fundos local recuou de 8,6% em agosto para 8,4% em setembro, bem longe do pico de dezembro do ano passado, quando havia chegado a 9,5%. “Estimamos que a alocação em ações atinja mínimos históricos em dois meses se a taxa de resgates que vemos hoje continuar”, aponta o banco.
“As saídas continuam enquanto a incerteza fiscal persiste”, concordou em relatório o JP Morgan, que elevou a projeção da Selic para 13% ao fim do ciclo de aperto, após ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central considerada hawkish, enquanto o mercado aguarda por um anúncio de medidas fiscais para equilibrar o gasto público, o que pode afetar a bolsa no restante do ano.
Os fluxos negativos de investimentos estrangeiros em ações na B3 (BVMF:B3SA3) seriam causados por expectativas altistas para a inflação e juros, com preocupações se a autoridade monetária brasileira deveria aumentar o ritmo de alta na Selic para 75 bps na próxima reunião diante da incerteza fiscal e do resultado das eleições americanas apontando para possível força adicional do dólar, segundo a analista Emy Shayo Cherman. “Nas últimas semanas, o cenário global mudou drasticamente, enquanto a história local permanece terrível”, lamenta.