Por Peter Frontini
SÃO PAULO (Reuters) - O investidor da bolsa paulista deixou a turbulência política doméstica em segundo plano e seguiu o otimismo de Wall Street com uma possível cura para o Covid-19, levando o Ibovespa à máxima em sete semanas.
Com valorização de 2,29%, terceira alta robusta consecutiva, o principal índice acionário brasileiro fechou o dia nos 83.170,80 pontos, maior nível desde 11 de março. O giro financeiro da sessão totalizou 25,95 bilhões de reais.
O anúncio de um potencial tratamento eficaz para o Covid-19 por parte da farmacêutica Gilead fez os investidores deixarem de lado números assustadores da recessão nos EUA, fruto justamente da pandemia, que já matou mais de 200 mil pessoas no mundo todo.
O Federal Reserve reiterou promessa de fazer o necessário para sustentar a economia, após manter a taxa de juros nesta quarta-feira, após a notícia de que o PIB dos EUA levou um tombo de 4,8% no primeiro trimestre, maior queda em 12 anos.
No âmbito doméstico, o presidente Jair Bolsonaro desistiu da nomeação de Alexandre Ramagem para diretor-geral da Polícia Federal, após sua posse ser impedida pelo Supremo Tribunal Federal.
Enquanto isso, Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, afirmou que a PEC do Orçamento de Guerra, que permite a separação dos gastos no combate ao coronavírus do Orçamento principal, terá seus dois turnos de votação concluídos entre esta quarta e a próxima segunda-feira.
Neste momento, investidores escolheram observar o "copo meio cheio da garantia da governabilidade política, da aderência à agenda liberal, e da retomada gradual da atividade econômica", afirmaram analistas da Levante Investimentos.
Mais cedo, o índice MSCI para mercados emergentes entrou num ciclo de valorização, o bull market, após ter acumulado valorização de 20% desde meados de março. No caso da Ibovespa, desde a mínima do ano atingida no mês passado, a alta já chega a 30%.
Na sequência da temporada de balanços corporativos, Multiplan (SA:MULT3) divulgará seus resultados após o pregão, enquanto Bradesco informará os seus antes da abertura de quinta-feira.
A B3 divulgou nesta quarta-feira a terceira e última prévia da nova carteira do Ibovespa, que entrerá em vigor em 4 de maio. Minerva (SA:BEEF3), CPFL Energia (SA:CPFE3) e Energisa (SA:ENGI4) entrarão no índice, enquanto Smiles (SA:SMLS3) deixará a carteira.
DESTAQUES
- WEG ON (SA:WEGE3) caiu 0,43%, mesmo após reportar lucro líquido de 440 milhões de reais no primeiro trimestre, um aumento de 43,4% ante mesma etapa de 2019.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) e PETROBRAS ON (SA:PETR3) subiram 5,51% e 5,44%, respectivamente, diante da alta dos contratos futuros do petróleo.
- RAIA DROGASIL ON (SA:RADL3) perdeu 1,78%, também após resultados trimestrais. Executivos afirmaram que a empresa mantém plano de abertura de 240 lojas no Brasil em 2020, apesar da crise provocada pela Covid-19, que deve impactar as vendas da empresa segundo trimestre.
- No setor bancário, BRADESCO PN (SA:BBDC4) subiu 3,36%. ITAÚ UNIBANCO ganhou 1,33%, enquanto SANTANDER BR UNT avançou 3,97%.
- VALE ON (SA:VALE3) valorizou-se 4,75%. A empresa retomará sua política de dividendos após os riscos aos seus negócios relacionados à pandemia do coronavírus serem eliminados, afirmaram executivos da empresa nesta quarta-feira.
- CIELO ON (SA:CIEL3) subiu 1,2%, após o presidente-executivo admitir não saber mensurar os efeitos e duração da crise do coronavírus. A empresa sinalizou com cortes de subsídios, aumento das funcionalidades digitais e maior foco na oferta de produtos financeiros a clientes, tentando mostrar uma reação aos efeitos do coronavírus na economia.
- EMBRAER ON (SA:EMBR3) seguiu a tendência da véspera e ganhou mais 7,96%. Apesar disso, as ações da empresa já acumulam queda de mais de 50% este ano.
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