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IPCA, temor fiscal e transição no Brasil pesam no Ibovespa

Publicado 10.11.2022, 08:43
Atualizado 10.11.2022, 12:46
© B3 IPCA, temor fiscal e transição no Brasil pesam no Ibovespa
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Após ceder para a faixa dos 110 mil pontos, o Ibovespa diminuiu o ritmo de queda, após a divulgação do CPI dos EUA, que mostrou uma alta do índice de inflação ao consumidor menor do que a prevista. Em tese, sugere um Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) menos agressivo em sua reunião de política monetária em dezembro. Em Nova York, os índices futuros batiam máximas.

Contudo, o Ibovespa segue sem forças para recuperar ao menos o nível dos 112 mil pontos, depois de começar o preão nos 113.578,78 pontos.

"O CPI ameniza um pouco, mas é insuficiente para apagar toda a queda. O ambiente local segue mais desafiador do que o exterior. Existe muita cautela em relação aos nomes divulgados na transição de governo para a equipe econômica do presidente eleito. São dois grupos que não se conversam. Há o temor de que o novo governo não seja tão cuidadoso com o fiscal", avalia Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova (BVMF:RNEW11) Invest.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos avançou 0,4% em outubro, na comparação com setembro, ficando menor do que a mediana das estimativas na pesquisa Projeções Broadcast, de 0,6%. Na comparação anual, o CPI subiu 7,7%, também abaixo da previsão (7,9%).

"O CPI veio bom. É festa lá fora. Fed 'dovish' confirmado", afirma o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus. Isso significa que em vez de o banco central dos EUA subir os juros em 0,75 ponto porcentual como fez em reuniões recentes, pode elevar a taxa de maneira menos intensa. A possibilidade de alta em meio ponto porcentual dos juros em dezembro foi a 80,6% após o CPI, conforme a monitoramento do CME Group, de 56,8% ontem.

Conforme Laatus, a queda do Ibovespa e a alta do dólar e dos juros futuros refletem totalmente incertezas dos investidores com o novo governo. Isso porque são crescentes os temores ao fiscal, dados sinais de que a equipe do presidente eleito pretende estuda tirar gastos sociais do teto de gastos, o que elevaria a percepção de descontrole das contas públicas.

"Aqui é totalmente interno", afirma o estrategista-chefe do Grupo Laatus. Além do IPCA alto e acima do esperado em outubro, ele cita que as indicações dos integrantes do Banco Central hoje, em evento, pesam nos negócios. "Culminou que o IPCA veio forte e ambos indicaram prolongamento dos juros por mais tempo", diz ao referir-se às palavras da diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do BC, Fernanda Guardado, e do diretor de Política Econômica Diogo Guillen.

Segundo Laatus, "e o fiscal pode fazer com que isso aconteça juros mais altos por mais tempo. Já há quem fale que a Selic poderia ficar no atual nível 13,75% ao ano durante o ano todo de 2023. Tem toda essa questão do Orçamento no novo governo, de tirar o teto de gastos, de gastança, de tirar o Bolsa Família do teto", diz.

Além disso, o mercado fica na defensiva após o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmar que só começará a montar seu ministério e anunciar nomes da equipe econômica após a viagem ao Egito, na próxima semana, onde participará da 27ª Conferência do Clima da ONU (COP27).

Neste ambiente interno negativo, nem mesmo o balanço recorde do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) ajuda. Após testarem alta, as ações do BB cediam 2,27% perto de 11h20, puxando os papéis do setor para baixo. Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4), que divulga balanço após o fechamento da B3 (BVMF:B3SA3), recuava 3,73%.

Apesar de estimativas de reforço na política para conter a covid-19 na China, o que levou à queda do minério de ferro de 1,39% na bolsa de Dalian, as ações da Vale (BVMF:VALE3) avançam em torno de 1,5%, mas os demais papéis do segmento cedem.

Já o petróleo cai levemente, mas as ações da Petrobrás recuam entre 3% (PN) e 2% (ON), diante de dúvidas dos investidores em relação à gestão das estatais no novo governo.

Sobre o IPCA, o indicador teve alta de 0,59%, ficando acima do esperado. E em relação ao BB, o banco fechou o terceiro trimestre com lucro líquido ajustado de R$ 8,36 bilhões, alta de 62,7% ante o mesmo período de 2021. Em três meses, houve expansão de 7,1%. É o sexto recorde trimestral seguido do BB.

Já a Eletrobras (BVMF:ELET3) apresentou prejuízo líquido de R$ 88 mil no terceiro trimestre do ano. As ações caiam quase 4%. A Azul (BVMF:AZUL4) registrou perda líquida de R$ 1,6 bilhão no terceiro trimestre de 2022, reduzindo perdas em relação ao prejuízo de R$ 2,2 bilhões no mesmo período de 2021. Os papéis cediam perto de 7%.

Às 11h24, o Ibovespa caía 2,07%, aos 111.339,25 pontos, depois de recuar 2,41%, na mínima aos 110.842,78 pontos.

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