Investing.com - A Petrobras (SA:PETR4) informou que o atual diretor de Relação com Investidores, Ivan Monteiro, assumirá interinamente a presidência da companhia, substituindo Pedro Parente, que pediu demissão nesta sexta-feira (1/6).
Monteiro chegou à Petrobras pelas mãos de Aldemir Bendine ainda no governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Os dois trabalharam juntos no Banco do Brasil (SA:BBAS3) e Monteiro seguiu à frente da diretoria de RI mesmo após o impeachment de Dilma e a troca de Bendine por Pedro Parente, no governo Michel Temer.
O executivo é bem avaliado pelo mercado e tem tocado mudanças na contabilidade, reduzido a alavancagem e promovido o programa de desinvestimentos da companhia.
A indicação de Monteiro e a manutenção da diretoria é um recado do governo Temer de que buscará blindar a companhia da interferência política, defendida desde a chegada de Parente à Petrobras em 2016.
A independência da estatal das decisões do Palácio do Planalto começou a ser questionada com a pressão por mudanças na nova política de preços para os combustíveis. No ano passado, a companhia reviu os reajustes do gás de botijão após sucessivos aumentos pressionarem politicamente o governo Temer. A gota d'água veio com a greve dos caminhoneiros, que encurralou o governo, forçado a pedir mudanças nos preços da Petrobras.
Com a turbulência política após a demissão de Parente, a ação preferencial da Petrobras afundou 14,4% para R$ 16,16, enquanto as ordinárias (SA:PETR3) recuaram 14,9% para R$ 14,88. Nos EUA, a ADR (NYSE:PBR) caiu 14,6% para US$ 10,13.
Demissão de Parente
Pedro Parente pediu demissão da presidência da Petrobras depois de ficar sob intensa pressão para alterar a política de combustíveis em meio à greve dos caminhoneiros. A companhia reduziu unilateralmente o preço do diesel , em um movimento visto como uma concessão política. O corte no preço do combustível não seguiu as regras de precificação aprovadas pela Petrobras no ano passado.
A percepção de que a política tomou conta da diretoria comandada pelo até então considerado independente Pedro Parente provocou um sell-off nas ações da petroleira, que chegaram a ceder mais de 30% em relação ao seu pico de oito anos de R$ 27,54 alcançado em meados de maio.
Parente e agentes do governo tentaram minimizar a situação tentando descolar a decisão da empresa do Planalto, mas o estrago já estava feito e a companhia foi rebaixada por diversos bancos e corretoras. Informações de que o executivo não permaneceria à frente da companhia surgiram na imprensa, mas foi descartada à época pelo próprio Parente e por ministros do governo. Antes de deixar o cargo, o CEO ainda enfrentou uma greve dos petroleiros.