Os juros futuros completaram hoje três sessões seguidas de baixa, fechando a semana com alívio nos prêmios em relação à sexta-feira anterior. O exterior ficou hoje em segundo plano, com a dinâmica das taxas sendo orientada pela agenda doméstica. Mais precisamente, pelo o IBC-Br de setembro abaixo do esperado, que consolidou a ideia de desaceleração da atividade no terceiro trimestre e deu conforto para a tomada de risco.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,455%, de 10,495% no ajuste de ontem, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de 10,20% para 10,17%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,30%, de 10,34% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2029 terminou em 10,71% (de 10,75%). Na semana, as taxas cederam em torno de 30 pontos.
O mercado de juros desafiou a correção em alta dos preços do petróleo e a desvalorização do câmbio, com taxas em baixa desde cedo, inabaladas mesmo depois da piora nos Treasuries, quando o retorno da T-Note zerou a queda e passou a subir no começo da tarde. O suporte foi dado antes da abertura, pela queda inesperada de 0,06% do IBC-Br em setembro ante agosto. A mediana das projeções indicava alta de 0,2%. Além disso, o Banco Central revisou resultados de meses anteriores, sendo a grande maioria para baixo.
No terceiro trimestre, o índice acumulou redução de 0,64%, "fator bastante negativo dado que a variação trimestral guarda boa correlação histórica com o desempenho do PIB trimestral", afirmam os economistas do BTG Pactual (BVMF:BPAC11), em comentário a clientes.
O potencial impacto da moderação da atividade sobre a inflação dá alguma segurança para posições aplicadas em DI, ainda que o IBC-Br de hoje não tenha alterado a ideia de manutenção do ritmo de cortes da Selic. O contexto parece bem adequado a doses de 0,5 ponto porcentual nas próximas reuniões. Alguma margem de manobra para ajustes nas apostas estaria no orçamento total. Nesta semana, a precificação da curva acabou convergindo para o que os economistas vinham defendendo, ou seja, que há condições para a Selic terminar o ciclo abaixo de 10,00%.
Nesta sexta, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, evitou sinalizar o orçamento, reiterando que um erro no "forward guidance" gera um custo de credibilidade para refazer a mensagem. Segundo ele, o que dá para dizer é que a Selic deve continuar no campo restritivo. "Não vamos desenhar uma trajetória, porque achamos que há tanta incerteza que esse desenho não teria o valor esperado positivo em termos de comunicação", completou.
Sobre o IBC-Br, Campos Neto comentou que o indicador não muda as expectativas para o crescimento da economia em 2023 e 2024. "Já existia a percepção de que esse trimestre teria uma desaceleração", disse.
A economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, destaca que o IBC-Br foi a cereja do bolo para o mercado de juros encerrar uma semana bastante positiva, com dados indicando contenção de inflação e atividade tanto aqui quanto nos EUA. "Embora os Treasuries hoje não tenham ajudado, no balanço da semana tiveram alívio, sob a percepção de que o Fed não vai mais aumentar juros", disse. Veronese aponta ainda que embora o cenário fiscal seja cheio de incertezas a vitória da equipe econômica na questão da meta também foi importante para o desempenho das taxas na semana.