Os juros futuros de médio e longo prazos subiram nesta quinta-feira, pressionados pelo cenário internacional que teve hoje como destaque o PIB norte-americano acima do esperado no segundo trimestre e, à tarde, um polêmica proposta do Federal Reserve sobre aumento de capital de grandes bancos, empurrando para cima os rendimentos dos Treasuries. A ponta curta oscilou perto da estabilidade, com o mercado começando a entrar no "modo Copom" na próxima semana e com apostas em corte de 0,5 ponto porcentual em estágio já avançado.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,600%, de 12,592% ontem, e a taxa do DI para janeiro de 2025 avançou a 10,10,63%, de 10,57% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,21%, de 10,12% ontem, e a do DI para janeiro de 2029 ficou em 10,61%, de 10,52%.
"Hoje estamos seguindo os Treasuries, que têm abertura forte em função do PIB dos Estados Unidos, condizente com a avaliação do Federal Reserve, ontem, de que não vê recessão no país", disse o economista do Banco Modal (BVMF:MODL11) Rafael Rondinelli.
O crescimento de 2,4% no segundo trimestre, na primeira leitura do PIB, superou o consenso, que apontava desaceleração para 1,8%, de 2% no primeiro trimestre. À tarde, o estresse aumentou com a reação negativa de bancos à proposta do Fed de aumentar as exigências de capital de instituições com mais de US$ 100 bilhões em ativos, que também estaria gerando um racha entre os dirigentes da autoridade monetária. O ambiente se deteriorou ainda com a informação do jornal Nikkei de que o Banco do Japão (BoJ), que se reúne entre hoje e amanhã, poderá ajustar sua política de controle da curva de juros.
Nos Treasuries, o rendimento da T-Note de dez anos bateu em 4,00% durante a tarde, ante nível de 3,85% ontem, enquanto o retorno do papel de 2 anos se aproximou de 5%.
Segundo Rondinelli, a pressão nas taxas da B3 (BVMF:B3SA3) não foi tão intensa como na curva americana, dado que o Brasil, ao contrário dos Estados Unidos, está na iminência de começar um ciclo de quedas da Selic. "O impacto aqui é menor, até porque as chances de uma redução de 0,5 ponto porcentual vêm crescendo", disse, avaliando que "lá a atividade desacelera acelerando" e aqui os dados de atividade claramente mostram arrefecimento, citando a queda de 2% do IBC-Br em maio e os dados de hoje do Caged abaixo do consenso. Em junho, o saldo líquido foi de geração de 157.198 vagas, abaixo da mediana das estimativas (162.000).
Entre os economistas, a aposta de que o ciclo vai começar em agosto de maneira mais branda, com uma dose de 0,25 ponto, prevalece. Na pesquisa do Projeções Broadcast, esta é a estimativa de 62 entre 88 casas consultadas.
Na gestão da dívida, o Tesouro vendeu integralmente a oferta de 12,5 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN) e de 3 milhões de Notas do Tesouro Nacional - Série F (NTN-F), com todas as taxas abaixo do consenso, segundo a Necton Investimentos.