Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - A Kroton (SA:KROT3) está considerando se desfazer de todo o negócio de ensino a distância (EAD) da Estácio (SA:ESTC3) para obter aval antitruste para a maior aquisição do setor educacional do país, segundo duas fontes familiarizadas com o plano.
O negócio de EAD da Estácio, que inclui a Uniseb e outras marcas, parece ser a melhor opção de venda de ativos para não comprometer os objetivos do acordo Kroton-Estácio, disseram as fontes. Mas qualquer eventual proposta ainda terá que ser discutida em detalhes com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), acrescentaram as fontes.
Vender as marcas tiraria do grupo combinado, tido como a maior empresa de educação do mundo por valor de mercado, cerca de 7 por cento das receitas com EAD da Estácio e aproximadamente 100 mil alunos. Kroton e Estácio também podem se comprometer a não fazerem novas matrículas online por um período determinado, caso a venda de ativos não seja suficiente, disseram as fontes.
Kroton, Estácio e Cade não comentaram o assunto.
As duas empresas estão tentando mostrar ao Cade que estão trabalhando efetivamente para evitar uma concentração excessiva de mercado com a fusão, disseram as fontes.
Os esforços da Kroton vêm em um momento em que concorrentes, grupos de defesa dos consumidores e reguladores concentram atenções sobre a fusão, que pode criar uma gigante com 10 vezes mais estudantes matriculados do que a rival mais próxima. Em termos de alunos EAD, a Kroton-Estácio poderia ser até 28 vezes maior que a unidade local da norte-americana Laureate Education.
A Kroton entregou ao Cade a documentação sobre a compra da Estácio em 31 de agosto. O Cade tem até maio para decidir sobre a transação.
No ano, as ações da Kroton acumulam alta de 63 por cento e as da Estácio de 33 por cento, refletindo a confiança dos investidores de que o acordo será aprovado, apesar de possíveis dificuldades regulatórias.
A venda dos ativos EAD da Estácio também exigirá a aprovação do Ministério da Educação, porque implica separação do negócio de ensino presencial da Estácio, disseram as fontes.
Além das preocupações com a concorrência nos segmentos de EAD, tanto Kroton quanto Estácio reconheceram uma concentração excessiva de mercado em 17 cidades onde operam com escolas presenciais, disseram as fontes.
Embora Kroton e Estácio ainda não tenham proposto voluntariamente soluções para resolver questões neste segmento específico, o Cade pode exigir a venda de escolas de ensino presencial disseram as fontes, acrescentando que esse cenário forçaria as empresas a negociar com o Cade caso a caso.