Por Praveen Menon e Jane Wardell
KUALA LUMPUR/SYDNEY (Reuters) - A Malaysia Airlines disse nesta segunda-feira que não fez nenhuma diferença uma bateria vencida no farol localizador subaquático que indicaria a posição da "caixa-preta" do voo MH370, avião da companhia aérea que está desaparecido há um ano.
Advogados de algumas das famílias das pessoas a bordo dizem que o fato de a bateria não ter sido substituída --conforme revelou um relatório no fim de semana, quando se completou um ano do desaparecimento de MH370-- pode ser crucial em qualquer ação legal contra a companhia aérea.
O MH370 desapareceu pouco depois de decolar de Kuala Lumpur com destino a Pequim, na madrugada de 8 de março do ano passado, tornando-se um dos maiores mistérios da história da aviação.
Um relatório provisório de 584 páginas sobre o desaparecimento do Boeing 777-200ER, divulgado no domingo, afirma que a bateria do sinalizador do gravador de dados de voo havia expirado em dezembro de 2012 e não fora substituída. A baliza acoplada à caixa-preta é projetada para enviar um sinal se ocorrer um acidente na água.
A Malaysia Airlines (MAS) afirmou em um comunicado nesta segunda-feira que um farol semelhante também estava instalado no gravador de voz da cabine, e a vida útil de sua bateria ainda era boa.
"A bateria ainda transmitiria por 30 dias ao ser ativada quando imersa em água", disse a companhia aérea.
O Ministério dos Transportes da Malásia informou em um comunicado que está revisando o relatório provisório e se comprometeu a tomar "medidas severas", sem dar mais detalhes. "Em nenhum aspecto o relatório indica como ou por quê o MH370 desapareceu", acrescenta o texto.
O escritório norte-americano de advocacia Kreindler & Kreindler LP, que está representando cerca de 20 famílias, havia dito que o fato de a bateria ter expirado era "potencialmente muito significativo" na determinação das compensações, se tiver afetado as buscas do avião desaparecido.
A supervisão foi responsabilizada por não ter feito a atualização correta do sistema de computador no departamento de engenharia da Malaysia Airlines, assinalou o Departamento de Aviação Civil da Malásia no relatório divulgado no domingo.
"Essa companhia aérea, que permitiu à sua tripulação e avião voarem com baterias vencidas em equipamentos em estado crítico, continua a rejeitar a oferta de qualquer tipo de compensação significativa para as famílias sem que antes eles provem as perdas que sofreram, sem que haja nenhuma evidência de um acidente de fato", afirmou o advogado Justin Green, da Kreindler & Keindler LP, em email à Reuters. "A companhia aérea ... ainda mais claramente agora pode ser responsabilizada pela busca infrutífera desse avião."
Em janeiro, a Malaysia Airlines declarou oficialmente o desaparecimento de MH370 em um acidente, abrindo caminho para que a companhia aérea pague uma indenização aos familiares das vítimas, enquanto as buscas prosseguem.
Os investigadores acreditam que o avião, transportando 227 passageiros e 12 tripulantes, voou milhares de quilômetros fora do curso inicial até finalmente cair no oceano, perto da costa da Austrália.
(Reportagem adicional de Al-Zaquan Amer Hamzah)