CARACAS/LIMA (Reuters) - Depois de atacar durante meses o impopular presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, a América Latina se posicionou fortemente contra ameaças norte-americanas de ação militar contra o país em dificuldades.
Os comentários surpreendentes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, feitos na sexta-feira, podem dar ao líder de esquerda impulso regional.
Após o comentário de Trump de que a intervenção militar na Venezuela era uma opção, os críticos de Maduro estão presos entre apoiar a ideia de invasão estrangeira da Venezuela ou apoiar um presidente que chamam de ditador.
A escalada surpreendente da resposta de Washington à crise da Venezuela ocorreu quando o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, está prestes a realizar uma viagem regional no domingo que o levará para a Colômbia, Argentina, Chile e Panamá.
O poderoso ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, criticou na sexta-feira as ameaças dos EUA, considerando-as "loucura", e o ministro das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, afirmou neste sábado que a Venezuela rejeitou ameaças "hostis", pedindo à América Latina que se unisse contra Washington.
Foi o Peru, um dos críticos mais ferozes de Maduro, que liderou a acusação contra Trump, dizendo que sua ameaça era contra os princípios das Nações Unidas. México e Colômbia se juntaram com declarações próprias.
O Mercosul --formando por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai-- acrescentou que rejeita o uso da força contra a Venezuela, apesar de ter suspendido indefinidamente o país do bloco na semana passada.
A Venezuela está passando por uma grande crise econômica e social, com milhões de pessoas sofrendo com a escassez de alimentos e medicamentos, aumento da inflação e meses de inquietação antigoverno que deixou mais de 120 mortos.