RIO DE JANEIRO (Reuters) - A BR Distribuidora (SA:BRDT3), empresa de combustíveis operada pela Petrobras (SA:PETR4), teve alta de 202,3 por cento no lucro líquido do quarto trimestre na comparação com igual período do ano anterior, ajudada pela privatização de distribuidoras de energia da Eletrobras (SA:ELET6) que têm dívidas com a companhia.
Líder no mercado de distribuição de combustíveis e lubrificantes no país, a BR informou nesta terça-feira que registrou entre outubro e dezembro de 2018 lucro líquido de 1,605 bilhão de reais, volume bem acima da média das estimativas de analistas compiladas pela Refinitiv, de 613 milhões de reais.
Em seu relatório financeiro, a empresa informou que grande parte do aumento do lucro líquido pode ser atribuída ao recebimento de parcelas de dívidas das empresas que percenciam à Eletrobras e à apresentação pelas distribuidoras de garantias firmes para esses débitos após a desestatização.
De acordo com a BR, a Eletrobras e suas distribuidoras de energia no Amazonas, Roraima, Rondônia e Acre firmaram em abril de 2018 instrumentos de confissão de dívida com a empresa no valor atualizado de 4,6 bilhões de reais e os pagamentos vêm sendo feitos regularmente conforme o acordo firmado, que prevê 36 prestações mensais.
"Até a presente data, recebemos nove parcelas, e duas antecipações referentes às distribuidoras Eletrobras Acre e Eletrobras Rondônia, agora controladas pelo grupo Energisa (SA:ENGI11), totalizando 1,79 bilhão de reais", afirmou a BR.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, excluindo efeitos não-recorrentes, ou Ebitda ajustado, caiu no trimestre em 26,8 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, para 646 milhões de reais.
O montante ficou abaixo da estimativa dos analistas, de 722 milhões de reais, segundo a Refinitiv.
No acumulado de 2018, o lucro líquido da companhia somou 3,193 bilhões de reais, aumento de 177,4 por cento sobre 2017. Já o Ebtida ajustado anual recuou 16,6 por cento, para 2,558 bilhões de reais.
A dívida líquida da BR no fim de 2018, por sua vez, ficou em 2,36 bilhões de reais, queda de 39,4 por cento ante 2017, devido principalmente à grande geração de caixa livre no ano e aos recebimentos relacionados aos instrumentos de confissão de dívidas firmados com as subsidiárias da Eletrobras.
A empresa informou ainda que a disciplina na gestão do capital de giro, recebíveis e passivos permitiu uma geração de caixa operacional de mais de 3 bilhões de reais.
Também contribuiu para o lucro anual, apontado como recorde pela companhia, um acordo sobre ICMS com o Mato Grosso, com efeito positivo de 645 milhões de reais.
(Por Gram Slattery e Marta Nogueira; reportagem adicional de José Roberto Gomes, em São Paulo)