Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O lucro líquido da Vale (BVMF:VALE3) no segundo trimestre caiu 78,2% na comparação com o mesmo período do ano passado, para 892 milhões de dólares, principalmente diante de uma queda dos preços realizados de minério de ferro e níquel, informou a companhia nesta quinta-feira.
O resultado veio bem abaixo do esperado por analistas que previam um lucro líquido de 2,21 bilhões de dólares, em média, conforme dados da Refinitiv.
Uma das maiores produtoras globais de minério de ferro, a empresa reportou um lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado das operações continuadas de 3,87 bilhões de dólares entre abril e junho, ante 5,25 bilhões de dólares um ano antes.
A empresa havia reportado na semana passada uma alta de 6,3% da produção de minério de ferro no segundo trimestre ante o mesmo período de 2022, para 78,74 milhões de toneladas.
Já a comercialização da sua principal commodity, no entanto, avançou apenas 0,9% na mesma comparação, com a companhia se recuperando de restrições no embarque enfrentadas no primeiro trimestre no Terminal Ponta da Madeira, no Maranhão.
O preço realizado de finos de minério de ferro entre abril e junho foi de 98,5 dólares por tonelada, queda de 14,8 dólares por tonelada na comparação anual, principalmente devido aos menores preços de referência, que foram parcialmente compensados por um menor impacto dos ajustes do sistema de precificação.
A receita líquida de vendas no segundo trimestre foi de 9,67 bilhões de dólares contra 11,16 bilhões de dólares um ano antes.
A dívida líquida expandida ficou em 14,7 bilhões de dólares em 30 de junho, alta de 300 milhões de dólares ante o trimestre anterior, principalmente com impulso do programa de recompra de ações, e dentro meta de alavancagem de 10-20 bilhões de dólares, disse a empresa.
Diante do resultado, o Conselho de Administração da Vale aprovou ainda nesta quinta-feira a distribuição de juros sobre o capital próprio no valor total bruto de 8,28 bilhões de reais, correspondente a 1,917008992 real por ação, apurados conforme o balanço de 30 de junho. O pagamento ocorrerá em 1º de setembro de 2023.
Junto com o resultado, a empresa anunciou um acordo com a Manara Minerals, uma joint venture entre a Ma'aden e o Public Investment Fund (PIF), e a Engine No. 1 para vender uma fatia de 13% de sua unidade de metais básicos pelo valor de 3,4 bilhões de dólares.
O movimento ocorre enquanto a Vale tem se dedicado em aprimorar a gestão desses ativos para gerar mais valor, tendo em vista a demanda esperada por níquel e cobre para a produção de baterias, em meio aos avanços globais para a transição energética, com eletrificação.
REVISÃO DE GUIDANCE
A Vale publicou ainda nesta quinta-feira uma revisão de projeções relacionadas a custo para 2023.
O guidance de custo caixa C1, excluindo compra de terceiros -- que considera o custo da mina ao porto -- para este ano foi ajustado para 21,5-22,5 dólares por tonelada, versus 20-21 dólares por tonelada anteriormente, principalmente devido à mudança de expectativa da taxa de câmbio média dólar/real para 4,94 em 2023 (vs. 5,20 anteriormente).
Além disso, o guidance de custos all-in de minério de ferro foi ajustado para 52-54 dólares/tonelada (vs. 47 dólares/t anteriormente) para refletir o potencial impacto de fatores externos, como a redução dos prêmios pagos para produtos de alta qualidade, colocando os prêmios all-in da Vale na faixa de 4 dólares/t (vs. cerca de 8 dólares/t anteriormente) e, as mudanças na média do câmbio dólar/real.
O custo all-in é a soma do custo caixa C1 com frete, despesas, royalties e prêmios.
(Reportagem adicional de Peter Frontini e Carolina Pulice)