Por Gabriel Codas
Investing.com - Na tarde desta segunda-feira, as ações da companhia de alimentos M. Dias Branco (SA:MDIA3) operam com perdas, maiores que a do Ibovespa no momento da escrita. A companhia alimentícia divulgou balanço sexta-feira após fechamento do mercado, e registrou avanço de 51,5% no lucro líquido do segundo trimestre ante mesmo período de 2019, para R$ 152,4 milhões, impulsionado pela combinação entre um plano estratégico de crescimento em curso e o aumento no consumo de massas durante a pandemia de coronavírus.
Por volta das 12h39, os papéis caíam 2,35% a R$ 38,21. O Ibovespa tinha baixa de 0,54% a 102.223 pontos.
Uma das maiores produtoras de farinha de trigo, massas e biscoitos do Brasil, a companhia viu seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) subir 23,5% no segundo trimestre, para R$ 225,6 milhões de reais, conforme balanço divulgado nesta sexta-feira.
A receita líquida do período bateu recorde trimestral de R$ 1,89 bilhão de reais, ao crescer 22,2% quando comparada ao desempenho obtido um ano antes.
Visão dos analistas
Na visão da Mirae Asset, é esperada margens mais apertadas, devido à forte alta do dólar e os impactos sobre os custos e com a reabertura gradual da economia e de bares e restaurantes, esperando assim alguma queda no consumo de massas e de biscoitos, uma vez que parte do consumo deverá migrar para consumo fora da residência.
Balanço
“Crescemos dois dígitos na região que chamamos de ‘ataque’, composta por Sudeste, Sul e Centro-Oeste, e também dois dígitos na região ‘defesa’, onde já somos consolidados, que é o Norte e Nordeste”, disse à Reuters o CFO da M. Dias Branco, Gustavo Theodozio.
O executivo destacou que os preços médios cresceram em todas as categorias em que a empresa atua, ao mesmo tempo que os volumes de vendas de biscoitos, massas e farinha/farelo de trigo também avançaram dois dígitos.
O volume total de vendas subiu 19% no segundo trimestre, para 536,1 mil toneladas, puxado pelo desempenho da área de massas, que marcou um salto de 37,4% na comercialização, alcançando 129,7 mil toneladas.
Apesar dos demais resultados positivos serem atribuídos a um plano estratégico que vem sendo colocado em prática pela M. Dias nos últimos anos, incluindo a importante aquisição da companhia Piraquê, o avanço na demanda por massas foi associado ao período da pandemia do novo coronavírus, tanto no mercado interno quanto externo.
As medidas de isolamento domiciliar para conter a disseminação da Covid-19 já vinham contribuindo com a M. Dias, no que se refere a aumento de venda de itens básico no varejo durante o primeiro trimestre e o cenário se estendeu entre abril e junho.
“(No segundo trimestre) ainda foi uma demanda muito forte, principalmente em espaguete, macarrão. Também teve crescimento em margarinas, biscoitos, itens básicos”, disse o diretor financeiro.
Segundo ele, a percepção é que de o auxílio financeiro fornecido pelo governo federal durante a pandemia ajudou a manter o consumo das famílias.
Para os próximos meses, considerando o fim do benefício, eles reconhecem que uma recessão deve pesar sobre o poder de compra do consumidor, mas destacaram que o portfólio de produtos da M. Dias Branco também contempla itens de menor valor agregado que podem se sobressair na crise.
“Se vier uma busca do consumidor por produtos mais básicos, a M. Dias pode surfar uma onda nos itens de baixos preços”, estimou o executivo.
Do ponto de vista de matéria-prima, a companhia disse que atingiu o maior nível histórico de verticalização de farinha de trigo (99%) e de gordura vegetal (100%). “Cerca de 55% do nosso custo foi com estes insumos que fabricamos internamente”.