O diretor da Magalu Cloud, Christian Reis, afirmou que o grupo varejista Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) pode encontrar um caminho de rentabilidade maior com a venda de serviços de tecnologia do que com seu negócio tradicional, de venda de produtos. Ele falou ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) no Web Summit, evento de tecnologia que acontece nesta semana no Rio de Janeiro.
Segundo Reis, pelo volume de dados que processam na operação de varejo, o caminho natural das empresas de varejo é se converter em empresas de tecnologia, mas, no Magalu, a ambição é de que isso abra um novo braço comercial independente.
Como mostrou o Broadcast hoje, após quatro anos de desenvolvimento silencioso, o Magazine Luiza lançou três serviços públicos de sistema de nuvem. O primeiro, Object Storage, permite armazenamento de dados de empresas e usuários individuais dedicados à construção de tecnologia. O segundo, o Turia IAM, permite gerenciar contas de funcionários, fornecedores e terceiros, viabilizando a conexão com outros sistemas. Já o terceiro serviço lançado, o ID Magalu, permite a gestão de contas, usuários e senhas dos serviços online por um único canal.
"São produtos de infraestrutura para quem constrói software", resume Reis.
O projeto já havia sido anunciado ao mercado em 12 de dezembro passado. Há cerca de um ano, disse o executivo, mais de 100 empresas e centenas de usuários já têm acesso aos serviços - e a ideia agora, com o lançamento público, é escalar esse número de usuários.
Margem maior
Reis lembra que, hoje, o mercado de nuvem é dominado por Google (NASDAQ:GOOGL), Microsoft (NASDAQ:MSFT) e Amazon (NASDAQ:AMZN), mas que o Brasil pode tentar morder um pedaço desse negócio para alojar dados globais no País, a partir de esforços como faz agora o Magalu, que envolve software - ou seja, com mão de obra em cima de "opensource", hardware na forma de equipamentos importados e, por fim, geração de energia, campo em que o País já tem boa expertise.
O primeiro passo, afirmou, é crescer no mercado nacional para, em seguida, fazer investidas globais. Segundo ele, o mercado está em pleno crescimento e vai exigir serviços de nuvem customizados, com espaço para novas empresas. "Vai ser numa lógica rouba monte, não é uma pizza de tamanho fixo. Vai ter muito mais digital no futuro. A gente acredita que é possível cavar espaço grande começando no Brasil, mas olhando o mundo como oportunidade", diz.
O executivo lembra que hoje o negócio mais rentável da Amazon é o Amazon Web Services (AWS), que tem as maiores margens do grupo, seguido do Amazon Ads. Por último vem o negócio de varejo da multinacional americana, que ainda representa maior volume de receita, mas com baixas margens de lucro. O Magazine Luiza, sugeriu Reis, vai buscar trajetória semelhante ao diversificar portfólio por meio da venda de serviços de tecnologia de nuvem.
"Queremos vender produtos de tecnologia. As pessoas vão comprar tecnologia da gente e não só geladeira", afirmou. Reis disse não haver guidance definido para o novo negócio e não revelou o investimento feito, se limitando a dizer que teve volume importante.
Solução caseira
Apesar do potencial comercial da nova frente, ele reconhece que cerca de 30% do processamento de dados do próprio Magazine Luiza já foi transferido para os serviços da nova unidade, o que não vai acontecer para todos os dados das operações. A solução caseira, disse, serviu para testar o funcionamento e a velocidade das próprias ferramentas desenvolvidas pela Magalu Cloud.
"Fizemos um negócio para o mercado desde o começo. E o jeito certo de começar é testar dentro de casa. Não é a intenção migrar tudo (do Magalu para os serviços de nuvem do Magalu Cloud). Não foi para isso que fizemos. Mas, taticamente, faz sentido trazer aplicações que estão próximas para rodar, porque o feedback é muito mais rápido", disse.