🍎 🍕 Menos maçãs, mais pizza 🤔 Já viu recentemente a carteira de Warren Buffett?Veja mais

MG quer negociar com mineradoras proposta por Mariana; acusa União de protelar

Publicado 03.05.2024, 17:48
Atualizado 03.05.2024, 18:40
© Reuters. Vista geral de cima de uma barragem da Samarco, que tem a Vale e da BHP Billiton como acionistas, que rompeu em Mariana, MG, Brasil
10/11/2015
REUTERS/Ricardo Moraes
BHP
-
VALE3
-

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo de Minas Gerais vai protocolar uma petição na Justiça pedindo que as negociações para um acordo de reparação pelo rompimento de barragem em Mariana continuem, após o governo federal ter descartado por completo a última proposta das mineradoras, em um movimento que o Estado mineiro considerou "nitidamente protelatório".

A nova oferta das mineradoras, de 127 bilhões de reais, visa fechar um acordo definitivo para a reparação dos danos com o colapso de uma barragem de rejeitos da mineradora Samarco (joint venture da Vale (BVMF:VALE3) com a BHP), em 2015, que deixou 19 mortos, centenas de desabrigados, e atingiu o rio Doce em toda a sua extensão, até o mar do Espírito Santo.

"A nossa compreensão é de que não é uma proposta perfeita, não é algo para assinar embaixo, mas é uma proposta que nos permite continuar (a dialogar)", disse a secretária de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, Luísa Barreto, à Reuters em uma entrevista por vídeo.

No entanto, a União e o Espírito Santo rejeitaram nesta sexta-feira a proposta, antes mesmo que a União se sentasse para conversar sobre os termos com Minas Gerais, Estado mais atingido, onde a barragem colapsou, frisou Barreto.

A secretária disse que ao receber a nova oferta, no mês passado, Minas Gerais e Espírito Santo solicitaram uma audiência com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, para discutí-la.

"Tanto ele (Rui Costa) quanto o advogado-geral da União se recusaram a receber os dois governadores, e fomos vendidos por uma posição da União no final do dia de ontem, de que deveria haver um entendimento nosso de que esse acordo não pode ser feito nesses termos, de que não há negociação... e que caberia a nós endossar essa posição deles", afirmou.

Para Barreto, foi uma decisão "nitidamente protelatória" e de "quem não quer negociar, de quem não quer um acordo agora".

"É muito fácil ficar lá em Brasília, enquanto a gente vive os problemas aqui em Minas Gerais, porque o desastre aconteceu aqui, o rio Doce corta o nosso Estado, os nossos municípios foram atingidos e os nossos mineiros que sofrem com os danos."

Procurado, o ministro Rui Costa afirmou por meio de sua assessoria que "nunca se recusou a receber os governadores e nunca fez contato para impor nada ou tratar do tema, porque quem representa o governo federal nessa questão é a AGU (Advocacia-Geral da União), os contatos são feitos pela AGU".

Já a AGU respondeu que "não houve nenhum pedido de audiência" do governador de Minas Gerais para o advogado-geral da União, Jorge Messias.

Mais cedo, ao anunciar a decisão da União, a AGU afirmou em nota que a nova proposta não representa avanço em relação à proposta anterior, apresentada e discutida em dezembro de 2023", e contém "condições inadmissíveis" que desconsideram o que "já havia sido exaustivamente debatido e acordado" anteriormente.

Dentre os pontos alterados no texto, a AGU citou que a nova redação prevê uma retirada de rejeitos de mineração do rio Doce muito inferior ao que já havia sido negociado, a transferência da obrigação de recuperação de nascentes e áreas degradadas para o Poder Público e o encerramento do gerenciamento das áreas contaminadas, dentre outros.

A Samarco afirmou em nota nesta sexta-feira que permanece aberta ao diálogo e busca concluir as discussões sobre a repactuação sem se furtar de suas responsabilidades. A BHP reiterou também que permanece comprometida com as ações de reparação e compensação, e disposta a buscar, coletivamente, soluções que garantam uma reparação "justa e integral às pessoas".

A Vale não respondeu imediatamente a pedidos de comentários, mas tem sempre reiterado seu compromisso com a reparação e informou recentemente que tem como objetivo fechar um acordo final ainda neste semestre.

Um acordo inicial chegou a ser assinado ainda em 2016, criando uma base para implementar reparações, mas não fixou um volume de recursos global e deixou para frente diversas etapas a serem cumpridas, sendo alvo de críticas por diversas partes.

Dos 127 bilhões de reais apresentados pelas mineradoras na nova oferta, 37 bilhões já foram pagos.

Do montante restante, 72 bilhões de reais seriam pagos ao governo federal, aos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo e aos municípios, durante um período, conforme informou a Vale anteriormente, sem detalhar.

Os demais cerca de 18 bilhões de reais seriam usados pelas mineradoras para realizar obrigações delas relacionadas ao desastre.

© Reuters. Vista geral de cima de uma barragem da Samarco, que tem a Vale e da BHP Billiton como acionistas, que rompeu em Mariana, MG, Brasil
10/11/2015
REUTERS/Ricardo Moraes

Barreto destacou que na proposta anterior, considerada totalmente inviável, as companhias haviam ofertado 42 bilhões de reais a pagar.

A petição do governo de Minas Gerais será protocolada nesta sexta-feira no Tribunal Regional Federal da 6ª região, em conjunto com o Ministério Público Federal e Estadual e Defensoria Pública do Estado, defendendo que o acordo é o caminho necessário e que as negociações devem continuar, disse Barreto.

(Por Marta Nogueira; reportagem adicional de Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu em Brasília)

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.