Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - O Ministério de Minas e Energia tem realizado diversas reuniões com empresas do setor de linhas de transmissão e energia eólica potencialmente interessadas em assumir empreendimentos da Abengoa no país, após o grupo ter anunciado que paralisou todas as obras devido a dificuldades financeiras de sua matriz na Espanha.
Desde o início deste mês, o ministério realizou reuniões comandadas pelo secretário-executivo da pasta, Luiz Eduardo Barata, com as espanholas Elecnor e Cymimasa, além da estatal chinesa State Grid e das brasileiras Engevix e Alupar (SA:ALUP11), todas investidoras em transmissão de energia, principal segmento de atuação da Abengoa no Brasil.
Também tiveram encontros com Barata os investidores em energia eólica Enel (MI:ENEI) Green Power e Casa dos Ventos --esta última afirmou à Reuters nesta semana que ela e outras empresas do setor eólico estudam a possibilidade de assumir algumas obras da Abengoa, para não serem prejudicadas por atrasos em linhas que escoarão a energia de suas usinas.
"O ministério tem recebido diversos empreendedores interessados nas operações e obras da Abengoa no país", disse a pasta em nota à Reuters.
O ministério também confirmou que foi realizada uma reunião com a própria Abengoa na quinta-feira --"foi mais uma das conversas sobre os empreendimentos da empresa no Brasil", explicou a pasta em nota, sem dar mais detalhes.
BELO MONTE
Além de usinas eólicas, os problemas da Abengoa devem afetar a hidrelétrica de Belo Monte, que está em construção no Pará e será a terceira maior do país. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já apontou que a usina deverá enfrentar restrição de geração neste ano devido à falta de uma linha de transmissão que deveria ser construída pelo grupo espanhol.
A Abengoa disse à Reuters recentemente que busca uma alternativa que "permita retomar os projetos, minimizar impactos e alcançar uma solução adequada para todas as partes interessadas afetadas pela situação atual". A empresa também destacou que está "em contato permanente com as autoridades locais".