O dólar operou sem direção única ante moedas rivais nesta sexta-feira, 20, mas o fortalecimento do euro após a melhora no sentimento do investidores no exterior levou o índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante seis pares fortes, a território negativo. Na semana, contudo, a divisa dos EUA se fortaleceu, impulsionada pelas sinalizações de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) começará o ciclo de aperto monetário ainda este ano.
Hoje, o DXY fechou em queda de 0,08%, mas acumulou alta semanal de 1,05%, aos 93,496 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro subia a US$ 1,1699, o dólar avançava a 109,83 ienes, enquanto a libra cedia a US$ 1,3626.
Após oscilar próximo à estabilidade nas primeiras horas da sessão, o índice firmou queda no início da tarde após o euro bater máxima ante o dólar, diante do maior apetite por risco de investidores estrangeiros, em movimento que também deu tração às bolsas de Nova York.
Em dia de agenda modesta, o foco esteve na fala do presidente da distrital de Dallas do Fed, Robert Kaplan, que afirmou em duas oportunidades hoje que pode reconsiderar sua defesa pelo início do tapering - como é chamado o processo de retirada gradual dos estímulos monetários - nos EUA em outubro, caso a disseminação da variante delta do coronavírus atrase a recuperação da atividade econômica do país.
Ao contrário desta sexta-feira, o dólar registrou bom desempenho ante rivais ao longo da semana, ao repercutir a ata da mais recente reunião de política monetária do Fed, que mostrou a maioria dos dirigentes dispostos a iniciar o ciclo de aperto monetário nos EUA caso as suas projeções para a economia se confirmem.
De acordo com a Capital Economics, cautela provocada pela cepa delta e preocupações quanto ao crescimento econômico na China também fizeram com que operadores aumentassem suas apostos no dólar nesta semana. "Embora continuemos prevendo uma recuperação econômica robusta, os riscos de curto prazo nos mercados financeiros parecem inclinados para o lado negativo, o que pode continuar a apoiar o dólar", avalia a casa.
Agora, de acordo com a consultoria, o foco se voltará ao Simpósio de Jackson Hole, evento que reúne os dirigentes do Fed entre os dias 26 e 28 de agosto, e que deve contar com discurso do presidente do BC americano, Jerome Powell, que "pode fornecer mais dicas sobre os planos do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) para normalizar a política monetária" dos EUA, diz a Capital.
Para o chefe do departamento de mercado cambial do ING, Chris Turner, os mercados estão em uma espécie de "zona crepuscular" no momento, à espera do próximo passo do Fomc.
Entre moedas emergentes, o yuan se desvalorizou ante a divisa americana hoje, após o Banco do Povo da China decidir, pela 16º vez consecutiva, manter suas taxas referenciais de juros para 1 e 5 anos, em 3,85% e 4,65%, respectivamente. No período citado, o dólar subia a 6,5025.