Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - A MRV (SA:MRVE3), maior construtora de imóveis econômicos do país, lucrou 18 por cento mais no segundo trimestre, beneficiada por diluição de despesas e crescimento de receita após vendas e lançamentos recordes para o período, e prevê um desempenho ainda mais robusto nos próximos meses.
"Vamos ter um terceiro trimestre muito bom e um quarto ainda mais forte... Estamos otimistas com o segundo semestre, a despeito de volatilidades com a eleição", disse à Reuters o copresidente da MRV, Rafael Menin.
O executivo reconheceu que o cenário eleitoral ainda está bastante indefinido, mas destacou que os candidatos com maior probabilidade de chegar ao segundo turno estão "confortáveis" com o atual programa habitacional, o que é um indício favorável para a continuação do Minha Casa Minha Vida (MCMV).
"Temos feito conversas com os candidatos e os economistas responsáveis pelos projetos de governo... Eventualmente haverá alguns ajustes (ao programa), mas dificilmente será um modelo de ruptura", comentou Menin.
Segundo ele, a expectativa de aceleração dos lançamentos se baseia em um bom avanço na aprovação de projetos. Ao fim de junho, a MRV acumulava estoque de terrenos equivalente a 43,2 mil unidades, ou 6,51 bilhões de reais em Valor Geral de Vendas (VGV), dos quais 3 bilhões de reais, ou 19,5 mil unidades, já tinham registro de incorporação.
Entre abril e junho, os lançamentos e as vendas contratadas cresceram 28,3 e 5,4 por cento, respectivamente, em relação ao mesmo intervalo de 2017, marcando o melhor segundo trimestre na história da companhia, conforme antecipado na prévia operacional divulgada em 12 de julho.
Como resultado, o lucro líquido trimestral da MRV cresceu 17,9 por cento ano a ano, para 166 milhões de reais, com alta de 0,2 ponto percentual na margem líquida, para 18,8 por cento.
A receita operacional líquida cresceu 7,4 por cento na mesma base, para 1,295 bilhão de reais. Ao mesmo tempo, contudo, as despesas comerciais subiram 7,5 por cento, para 149 milhões de reais, refletindo o aumento das vendas e a elevação pontual em valores pagos a título de comissão em meio à paralisação dos caminhoneiros e à Copa do Mundo.
A empresa ainda apurou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 248 milhões de reais no segundo trimestre, alta de 29,9 por cento na comparação anual, registrando o 24º trimestre consecutivo de geração de caixa.
Para Menin, o segundo trimestre teria sido ainda melhor não fosse pelo torneio de futebol, que reduziu o fluxo de visitas em plantões, levando os clientes a postergar a aquisição de imóveis. "Mas a intenção de compra já voltou ao normal em agosto, com os indicadores exatamente iguais aos de maio, que foi um mês muito bom", afirmou o executivo.
Ainda de acordo com ele, a MRV desembolsou 130 milhões de reais entre abril e junho para aquisição de terrenos. No ano, a meta é investir por volta de 500 milhões de reais. "Ano que vem compraremos menos terreno, mas teremos desembolso similar porque há parcelas a serem pagas de terrenos comprados em anos anteriores", contou.
O endividamento total da companhia somava 3,122 bilhões de reais ao fim de junho, antes da MRV amortizar antecipadamente a 12ª emissão de debêntures simples no valor total de 542,2 milhões de reais em julho, para alongar o perfil da dívida. Enquanto isso, a alavancagem medida pela relação dívida líquida sobre Ebitda era de 0,54 vez, ante 0,36 em março e 0,59 vez em junho do ano passado.
Ainda no balanço, a MRV anunciou distribuição de 310,1 milhões de reais em dividendos aos acionistas.
Em 2018, as ações da construtora acumulam queda de pouco mais de 4 por cento, enquanto rivais como Tenda (SA:TEND3) e Direcional (SA:DIRR3) subiram cerca de 40 e 22 por cento, respectivamente, desde o começo do ano.