SÃO PAULO (Reuters) - A Natura & Co (SA:NTCO3) reportou lucro líquido consolidado de 14,3 milhões de reais no quarto trimestre na quinta-feira, forte queda em relação ao lucro de 381,7 milhões de reais um ano antes, devido a despesas relacionadas à compra da Avon Products (NYSE:AVP).
Os resultados ainda não incluem a receita da Avon, já que o acordo foi fechado apenas no início deste ano, criando a quarta maior empresa de beleza do mundo.
Roberto Marques, o novo presidente do grupo combinado, disse que os lucros da Natura permanecerão sob pressão no início de 2020 em razão dos custos associados à transação.
"No primeiro trimestre, (os custos) ainda serão significativos e depois devem quase desaparecer", disse Marques à Reuters em entrevista na quinta-feira à noite.
O executivo afirmou que está monitorando tendências mais amplas que podem afetar a empresa, principalmente o surto do coronavírus em todo o mundo, um real fraco e a potencial de desaceleração da maior economia da América Latina.
"Haverá um impacto em nossos negócios", estimou.
Ele acrescentou que a aquisição da Avon proporcionou um "hedge natural" para a Natura daqui para a frente. Enquanto o real brasileiro representava 70% da receita da empresa no passado, agora caiu para 30%. A Avon obteve receita em moedas fortes, como a libra esterlina e o euro, com alguma exposição adicional ao peso mexicano.
Mas Marques observou que eles permanecem pouco expostos à Ásia no geral, que foi a região mais atingida pelo surto do coronavírus.
Sobre o crescimento econômico, ele prevê que a empresa crescerá mais rápido que o PIB do Brasil, numa época em que muitos bancos revisaram suas previsões de 2020 para baixo.
O contexto global negativo, no entanto, não afetou a economia de custos esperada da Natura. Marques disse que ainda espera uma economia anual de custos entre 200 milhões e 300 milhões de dólares nos próximos três anos devido à aquisição da Avon.
(Reportagem de Marcelo Rochabrun)