Natura&Co continua pressionada com preocupações sobre margens e ritmo do "turnaround"

Publicado 17.03.2025, 13:15
Atualizado 17.03.2025, 13:56
© Reuters

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - As ações da Natura&Co (BVMF:NTCO3) continuavam pressionadas na bolsa paulista nesta segunda-feira, uma vez que permanecem dúvidas sobre o ritmo do processo de "turnaround" da companhia e seus reflexos nos resultados da fabricante de cosméticos.

Na última sexta-feira, os papéis da empresa desabaram 30%, após o resultado trimestral frustrar expectativas, principalmente em relação a margens. Executivos da Natura&Co reforçaram o compromisso com a expansão de rentabilidade, mas acrescentaram que ainda há muito o que fazer no processo de transformação.

A ação fechou a R$9,50, o menor preço de fechamento desde outubro de 2015, com o tombo no dia sendo equivalente a uma perda de R$5,6 bilhões em valor de mercado.

Para analistas do Itaú BBA, o movimento de sexta-feira chamou a atenção mais pela velocidade do que pela magnitude.

Eles acrescentaram que a pergunta mais frequente, tanto do mercado quanto deles, é se o tombo da sexta-feira passada foi de alguma forma exagerado e abriu uma oportunidade de compra. "Honestamente, não achamos isso", afirmaram.

Eles destacaram que, incorporando uma margem bruta mais volátil da América Latina, despesas mais altas e custos de transformação maiores no seu modelo para a empresa, estimam um corte de lucros de cerca de 30% para a América Latina.

"É difícil dizer se o caso estrutural mudou -- improvável -- mas o cronograma e o ritmo de entrega podem ter mudado", escreveram Daniel Sasson e equipe em relatório enviado a clientes nesta segunda-feira.

Dada a dinâmica do mercado brasileiro, eles avaliam que o interesse na tese pode diminuir, com essa tendência provavelmente sendo revertida apenas após trimestres mais limpos e mais fortes.

Eles mantiveram a classificação "outperform" para os papéis, mas reduziram o preço-alvo de R$17 para R$14.

Analistas do JPMorgan (NYSE:JPM) foram além e cortaram a recomendação das ações para "neutra", bem como o preço-alvo, de R$21 para R$11, conforme relatório a clientes também nesta segunda-feira.

"Um movimento tão selvagem e raramente visto para uma empresa com um balanço patrimonial saudável nos leva a reavaliar nossa tese e entender o que foi negligenciado, especialmente devido ao recente aumento do interesse nas ações", afirmaram.

Joseph Giordano e equipe afirmaram reconhecer que projetos de reestruturação e integrações são inerentemente não lineares e muitas vezes confusos, levando à volatilidade dos lucros.

"No entanto, as tendências foram positivas nas principais operações da América Latina, com indicações sugerindo melhorias contínuas. Portanto, testemunhar uma perda de Ebitda ajustado de mais de 30% devido à margem bruta e despesas é frustrante", disseram.

"Essa frustração é agravada pelo fato de que já estamos excluindo eventos pontuais, que parecem cada vez mais recorrentes", acrescentaram.

A companhia anunciou antes da abertura do pregão que seu conselho de administração aprovou programa de recompra de até 52,6 milhões de ações, o equivalente a até 6,2% do total em circulação, com prazo de 12 meses.

Nos primeiros negócios, porém, os papéis chegaram a mostrar uma queda de quase 6%, a R$8,95, renovando mínimas desde 2015, para depois ensaiar uma recuperação, reduzindo o declínio para 2,11%, a R$9,30, por volta de 11h30. Na máxima, chegou a R$9,71.

Na visão de analistas do Bradesco BBI, o balanço e a teleconferência com analistas na sexta-feira não justificam a queda de 30% das ações, mas eles avaliam que há razões para algum "de-rating", bem como menos benefício da dúvida.

Entre essas razões, eles destacaram dúvidas sobre a margem bruta, afirmando não estar claro para se a pressão da margem bruta da Argentina é mais de natureza contábil ou operacional, e se há alguma transferência para 2025.

Outro fator de preocupação está relacionado aos custos de transformação, segundo os analistas do Bradesco BBI, uma vez que os executivos sugeriram que ainda há muito a ser feito, enquanto a expectativa no mercado era de desaceleração neste ano.

"Permaneceremos vigilantes e continuaremos tentando descobrir mais precisamente as questões pendentes que são essenciais para revisar as estimativas", afirmaram Pedro Pinto e Lorenzo Marques em relatório enviado no final da sexta-feira.

"Por enquanto, com a impressão de que o movimento da ação foi longe demais e está aparentemente separada da revisão para baixo no lucro, mantemos nossa classificação ’outperform’", acrescentaram eles, que têm preço-alvo de R$17 para o papel.

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