Por Philip Pullella
A BORDO DO AVIÃO PAPAL (Reuters) - O Papa Francisco disse neste sábado que o que aconteceu nos internatos que a Igreja Católica Romana e outras igrejas cristãs mantiveram para assimilar à força crianças indígenas do Canadá foi genocídio.
O papa fez o comentário enquanto voava de volta a Roma após uma viagem de uma semana ao Canadá, onde fez um pedido histórico de desculpas pelo papel da Igreja na política.
Ele foi questionado por um repórter indígena canadense no avião por que ele não usou a palavra genocídio durante a viagem e se ele reconheceria que os membros da Igreja participaram do genocídio.
"É verdade que não usei a palavra porque não pensei nisso. Mas descrevi genocídio. Pedi desculpas, pedi perdão por essa atividade, que foi genocídio", disse Francisco.
"Condenei isso, tirar as crianças e tentar mudar sua cultura, suas mentes, mudar suas tradições, uma raça, uma cultura inteira", acrescentou o papa.
Entre 1881 e 1996, mais de 150 mil crianças indígenas foram separadas de suas famílias e levadas para internatos. Muitas crianças passaram fome, foram espancadas e abusadas sexualmente em um sistema que a Comissão de Verdade e Reconciliação do Canadá chamou de "genocídio cultural".
As escolas eram administradas por grupos religiosos, a maioria por padres e freiras católicos.
"Sim, genocídio é uma palavra técnica, mas não usei porque não pensei nisso, mas descrevi...Sim, é genocídio, sim. Sim, claramente. Você pode dizer que eu disse que foi um genocídio", afirmou o papa.
Na segunda-feira passada, Francisco visitou a cidade de Maskwacis, local de dois antigos internatos, onde se desculpou e chamou a assimilação forçada de "mal" e um "erro desastroso".
O papa também se desculpou pelo apoio cristão à "mentalidade colonizadora" da época.