Petrobras anuncia nova política de preços; ações sobem apesar de críticas

Publicado 16.05.2023, 08:16
Atualizado 16.05.2023, 10:36
© Reuters. Logo da Petrobras na refinaria de Paulínia, no interior de São Paulo
01/07/2017 REUTERS/Paulo Whitaker

SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras (BVMF:PETR4) anunciou nesta terça-feira sua nova estratégia comercial para o diesel e a gasolina, abandonando a paridade de importação (PPI) como base principal para os reajustes e passando a aplicar premissas que miram um "equilíbrio" entre os mercados nacional e internacional.

As ações da companhia abriram em alta de cerca de 3%, apesar de críticas de alguns especialistas e integrantes do setor, de que o fato relevante da Petrobras sobre o assunto deixa a estratégia pouco clara, o que aumenta o risco para importadores e outros agentes que atuam no mercado brasileiro.

A estatal disse no comunicado que a nova estratégia prioriza o "custo alternativo do cliente", além de um valor marginal para a Petrobras.

"O custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos, já o valor marginal para a Petrobras é baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino", explicou.

Fontes haviam indicado à Reuters que a nova política seria divulgada nesta terça-feira e manteria o preço internacional como uma "importante referência", mas não "o de paridade de importação".

Segundo a Petrobras, a premissa de preços competitivos por polo de venda, em equilíbrio com os mercados nacional e internacional, permitirá à empresa "competir de forma mais eficiente", se valendo de suas melhores condições de produção e logística e disputando mercado com outros atores que comercializam combustíveis no Brasil, como distribuidores e importadores.

Os reajustes de preços da gasolina e diesel continuarão sendo feitos sem periodicidade definida e evitando repasse da volatilidade aos preços, disse a estatal.

A empresa afirmou ainda que a nova política garantirá preços em patamar que permitem a realização de investimentos de seu planejamento estratégico.

POUCA TRANSPARÊNCIA

"Já li duas vezes esse fato relevante da Petrobras e realmente a gente não sabe exatamente o que ela vai fazer...", disse o presidente da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), Sergio Araujo.

"Vamos aguardar a primeira movimentação, acho que essa semana ela deve anunciar uma redução de preços, até porque os preços estão realmente acima do mercado internacional, existe espaço para redução, vamos aguardar para ver", acrescentou.

Ele disse ainda que o texto é "confuso" e ficou "difícil ter uma referência".

"Quando ela fala que vai considerar melhor alternativa do cliente, vai considerar competitividade do produto, margem por refinaria, acho que está muito confuso, vamos aguardar para que a gente possa fazer uma análise e comentar."

Segundo Paulo Valois, sócio do Schmidt Valois Advogados, "apesar das novas regras não estarem totalmente claras, parece que a Petrobras caminha para uma política mais discricionária de precificação do preço de refino dos combustíveis, que não estará necessariamente ao seu preço no mercado internacional".

Segundo ele, isso poderá gerar ganhos ou perdas maiores para a companhia "em função de eventuais disparidades".

O especialista em energia Adriano Pires, do CBIE, também concordou que o "anúncio feito pela Petrobras da nova política de preços é muito confuso".

"Não dá para entender de forma clara como serão feitos os reajustes futuros. O fato relevante no fundo é só blá-blá-blá. A única coisa que dá para afirmar é que acabou a transparência na determinação dos preços na refinaria", disse.

Ele disse também que, quanto mais elemento se usa para determinar o preço dos combustíveis, "menos transparência teremos e mais risco para o privado importar".

"Aumentou o risco para todos os agentes que atuam no mercado de combustíveis."

(Por Letícia Fucuchima, Rodrigo Viga Gaier e Marta Nogueira)

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