Investing.com - O pedido de demissão de Pedro Parente da presidência da Petrobras caiu como uma bomba no mercado brasileiro de ações, puxando as ações das empresas ligadas à estatal para baixo e levando o Ibovespa também para o território negativo.
As ações da Petrobras (SA:PETR4), que iniciaram a jornada com ganhos, agora recuavam -14,6% para as preferenciais, antes de entrarem novamente em leilão. Já as ordinárias (SA:PETR3) perdiam -14,38% e também voltaram a leilão. Em Nova York, as ADRs (NYSE:PBR) da estatal afundavam -13,91% a US$ 10,21.
A queda também são sentidas nas empresas ligadas à estatal, como a Braskem (SA:BRKM5), que caem -2,95% a R$ 44,06 e da BR Distribuidora (SA:BRDT3), que cedem -7,25% a R$ 16,84.
Por outro lado, as ações da BRF (SA:BRFS3) operam com forte valorização, saltando mais de +12,79% a R$ 24,14, com as especulações de que Parente possa assumir o comando da companhia.
O dólar voltou a ganhar tração ante o real com a demissão prejudicando a percepção dos investidores, sobretudo os estrangeiros, sobre a condução da economia brasileira, após o desconto do diesel para cessar a greve dos caminhoneiros ter gerado impacto sobre as contas públicas. Às 12:18, o dólar avançava 0,74%, a R$ 3,7520 na venda, depois de ter subido 6,66%em maio. Na máxima da sessão, a moeda foi a R$ 3,7654, justamente quando saiu a notícia da saída de Parente.
O Ibovespa, que avançava na antes do anúncio, agora opera em queda de 1,32% aos 75.739,13 pontos, enquanto o índice futuro tem perdas de 1,87% aos 75.880 pontos.
Demissão após greve
Pedro Parente pediu demissão da presidência da Petrobras, informou a empresa nesta sexta-feira (1/6). O conselho de administração da petroleira irá se reunir ainda hoje para nomear um CEO interino.
O executivo estava sob intensa pressão após reduzir unilateralmente o preço do diesel em meio à greve dos caminhoneiros, em um movimento visto como uma concessão política. O corte no preço do combustível não seguiu as regras de precificação aprovadas pela Petrobras no ano passado.
A percepção de que a política tomou conta da diretoria comandada pelo até então considerado independente Pedro Parente provocou um sell-off nas ações da petroleira, que chegaram a ceder mais de 30% em relação ao seu pico de oito anos de R$ 27,54 alcançado em meados de maio.
Parente e agentes do governo tentaram minimizar a situação tentando descolar a decisão da empresa do Planalto, mas o estrago já estava feito e a companhia foi rebaixada por diversos bancos e corretoras. Informações de que o executivo não permaneceria à frente da companhia surgiram na imprensa, mas foi descartada à época pelo próprio Parente e por ministros do governo. Antes de deixar o cargo, o CEO ainda enfrentou uma greve dos petroleiros.
BRF no radar
O executivo assumiu em abril a presidência do conselho de administração da BRF (SA:BRFS3) e ganhou força nas últimas semanas a possibilidade de que ele deixasse a Petrobras para assumir a exportadora.
Na última terça-feira (29/5), a Coluna do Broad, do Estadão, informou que Parente teria pedidopara que a BRF segurasse o processo de escolha do novo CEO, já em vista da possibilidade de deixar o comando da estatal.
A publicação destacou também que o assunto era recorrente nas rodas de executivos do mercado financeiro.
A indicação de Parente para BRF foi feita pelo empresário Abílio Diniz, ex-presidente do conselho, que sofreu críticas nos últimos meses pela crise vivida pela companhia de alimentos. A BRF encerrou 2017 com prejuízo líquido de R$ 1 bilhão, enfrenta quadro de endividamento elevado e foi citada na operação Carne Fraca, da Polícia Federal.
Os acionistas da BRF estiveram em pé de guerra pelo comando da companhia. De um lado, os fundos de pensão Previ e Pretos. Do outro, Península (holding da família Diniz) e o fundo Tarpon (SA:TRPN3). Com a solução apresentada por Diniz, a disputa foi encerrada.
Com Reuters