Por Jessica Bahia Melo
Investing.com - Após a aprovação de mudanças sobre a lei das estatais na Câmara dos Deputados na noite desta terça-feira, 13, em um movimento inesperado, facilitando a indicação de nomes políticos a empresas controladas pelo governo, as ações da Petrobras (BVMF:PETR4) estão entre as maiores quedas do Ibovespa na manhã de hoje, 14.
Às 11h18, os papéis preferenciais despencavam 4,12%, a R$25,82.
A alteração possibilita que pessoas que participaram da organização de campanhas eleitorais possam assumir cargos de gestão após um período de apenas 30 dias, contra os 36 meses atuais. A votação na Câmara dos Deputados foi de 314 a favor e 66 contrários. A matéria ainda precisa ser aprovada pelo Senado.
Com a repercussão negativa, o banco BTG (BVMF:BPAC11) emitiu relatório em que avalia que a medida é negativa para governança de companhias estatais como a Petrobras.
Para os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte, alguns ajustes ainda são prováveis nos próximos dias, mas é medida “elimina um dos principais mecanismos de defesa da influência política no companhia”. A velocidade da tramitação foi uma grande surpresa, indicam no relatório.
Além disso, mesmo que haja argumentação de que a lei pode não ter protegido totalmente a Petrobras de tentativas de ingerência política, a alteração traz um sinal mais claro de que a estratégia “pode ser menos sustentada por aspectos puramente técnicos a partir de agora”.
Com o aumento da incerteza, o BTG espera que o mercado reaja mal. No entanto, os analistas ponderam que deve haver a preservação de um pagamento de dividendos razoável.
Supondo que o pagamento seja revisado para 35% ou 25%, atualmente o patamar mínimo, os analistas projetam um dividend yield de 16% ou 12% em 2023, respectivamente.
Mesmo assim, não acham que ela está barata o suficiente. O BTG possui recomendação neutra para os papéis, com preço-alvo em 12 meses de US$13.50 para as ADRs (NYSE:PBR) na NYSE.