Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) anunciou nesta sexta-feira uma redução dos preços dos combustíveis, no primeiro reajuste negativo desde 2009 para a gasolina e diesel, ao apresentar nova política de preços de combustíveis que promete ser mais transparente e trazer agilidade para atualizar as cotações nas refinarias, algo amplamente desejado pelo mercado.
A nova política criou o Grupo Executivo de Mercado e Preços da Petrobras, que em sua primeira reunião decidiu reduzir o preço do diesel em 2,7 por cento e da gasolina em 3,2 por cento nas refinarias (média Brasil), a partir da zero hora de sábado (15).
O grupo, formado pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente, o diretor de Refino e de Gás Natural, Jorge Celestino, e o diretor Financeiro, Ivan Monteiro, vai se reunir pelo menos uma vez por mês para avaliar o cenário e decidir sobre as cotações.
Parente destacou em entrevista a jornalistas que uma política mais clara para a realização de reajustes será importante para a Petrobras em um momento em que a companhia busca atrair parceiros para a área de refino e distribuição --a empresa está em processo de venda de fatia relevante da BR Distribuidora.
"Acho que você ter uma política mais clara e adoção de mecanismo de reuniões mensais dará uma transparência maior que vai ser vista muito bem pelo mercado e consumidores, que terão mais previsibilidade do que a Petrobras vai fazer", afirmou Parente.
Às 11h36, as ações preferenciais da Petrobras operavam em alta de 2,8 por cento e as ordinárias subiam 2 por cento.
"A decisão do grupo gestor levou em conta o crescente volume de importações, o que reduz a participação de mercado da Petrobras, e também a sazonalidade do mercado mundial de petróleo e derivados", explicou a estatal em nota.
Com os preços dos combustíveis mais baixos no exterior do que no Brasil, muitos integrantes do mercado estavam aproveitando para importar derivados e ganhar mercado da estatal no país.
Parente destacou que o governo federal, acionista majoritário, e o Conselho de Administração da companhia não foram previamente informados sobre quais seriam os percentuais de reajuste e quando eles aconteceriam.
O comportamento foi muito diferente do que acontecia em gestões anteriores, quando os reajustes eram decididos dentro de reuniões do Conselho de Administração, composto anteriormente por alguns integrantes do governo como o ministro da Fazenda.
"Informamos que teríamos uma nova política e que, no anúncio, teríamos o primeiro movimento (de mudança de preços). Não dissemos nem quando nem percentual", afirmou Parente.
Segundo ele, o impacto do reajuste no preço final ao consumidor depende de decisões de postos de combustíveis e distribuidoras.
Além disso, o executivo frisou que a empresa não levou em conta impactos na inflação e possíveis efeitos na economia do país.
"Isso foi uma decisão que levou em conta o interesse e os aspectos inerentes à própria companhia. Tem a ver com a economia para a empresa e não tem nada a ver com a economia em geral", disse.
Parente explicou que, se o reajuste nos combustíveis for totalmente repassado para a bomba, o impacto seria de aproximadamente 0,05 real por litro para os dois combustíveis.
DIRETRIZES
A nova política a ser praticada pela companhia terá como princípios: o preço de paridade internacional (PPI), que já inclui custos como frete de navios, custos internos de transporte e taxas portuárias; uma margem para remuneração dos riscos inerentes à operação, tais como volatilidade da taxa de câmbio e dos preços, sobreestadias em portos e lucro; além de tributos.
A política também visa preservar o nível de participação no mercado e garantir que os preços nunca fiquem abaixo da paridade internacional.
A última vez que a Petrobras reduziu os preços da gasolina e do diesel foi em 9 de junho de 2009, quando o valor do primeiro caiu 4,5 por cento e o do segundo foi reduzido em 15 por cento, segundo a estatal.
(Com reportagem adicional de Roberto Samora)